1. 1. Justificativa:
Em 09 de janeiro de 2003, foi sancionada a Lei Federal nº 10.639 que tornou obrigatório o estudo da História e Cultura Afro-Brasileira e a Lei nº 11.645/08, de 10 de março de 2008, alteram o Artigo 26 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, para incluir no currículo oficial das redes de ensino a obrigatoriedade da temática História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena. Desta forma é essencial trabalhar desde a Educação Infantil esta temática. “Ao introduzir a discussão sistemática das relações étnico-raciais e da história e cultura africanas e afro-brasileiras, essa legislação impulsiona mudanças significativas na escola básica brasileira, articulando o respeito e o reconhecimento à diversidade étnico-racial com a qualidade social da educação”. Ao incentivar os alunos a conhecerem a cultura afro-brasileira e indígena, retirando o imaginário negativo de tudo que se refere ao povo africano e seus descendentes, irá ajudá-los a perceber a cultura negra e indígena inserida em nossa sociedade. Para isso o diálogo e debates são imprescindíveis para a busca da identidade cultural brasileira, criando a valorização entre negros, índios e brancos, eliminando o racismo e desigualdade racial entre as crianças. Durante o período em que frequentam a creche ou a pré-escola, as crianças estão construindo suas identidades. Por isso, desde os primeiros anos de escolaridade, os alunos já precisam entender que são diferentes uns dos outros e que essa diversidade decorre de uma ideia de complementaridade. “É função do educador ajudar as crianças a lidar com elas mesmas e fortalecer a formação de suas próprias identidades”.
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3. Objetivos Específicos:
Conhecer os modos de ser, viver e trabalhar da cultura africana e indígena;
Estabelecer algumas relações entre o modo de vida do seu grupo social e de outros grupos;
Perceber-se e perceber o outro como diferente;
Respeitar as diferenças;
Desenvolver e potencializar a criatividade;
Desmistificar a existência de que todo herói é branco;
Compreender a diversidade social da nação brasileira, considerando os diferentes grupos étnico-raciais que a compõem e que possuem cultura e história próprias, igualmente valiosas;
Desconstruir conceitos, idéias, comportamentos veiculados pela ideologia do branqueamento, para romper com imagens cristalizadas pelos meios de comunicação, que expõem negros e povos indígenas em contextos de inferioridade
Conhecer um pouco da história dos povos indígenas local e nacionalmente, reconhecendo-a como elemento formador de nossa identidade histórico-cultural;
Adotar como estratégia metodológica inerente à prática pedagógica docente a promoção de mostras de cinema, teatro, música, dança, literatura, que instiguem a criação de grupos artístico-culturais nas unidades de ensino e na comunidade tendo como referência a valorização da Cultura Afro-Brasileira e Indígena.
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4. Operacionalização: (como será desenvolvido / etapa por etapa)
1º momento (1ª semana)
Apresentar para os alunos o livro Menino Poti, ao fim da história, pedir que as crianças falem sobre o menino Poti, onde vive, qual transporte utiliza, qual relação tem com os animais, entre outras perguntas;
Solicitar que os alunos desenhem o local que o Menino Poti mora;
Trabalhando o livro a professora poderá abordar diferentes conteúdos em sala de aula: Meios de transporte e seus tipos, desenho dirigido, animais, conceito de (muito/pouco) e quantidade;
Construção de dobraduras ”canoa”;
Músicas que falem sobre os índios, canoa, entre outras;
Apresentação dos animais vistos por Poti na mata (tatu, cutia, tucano, tico tico, macaco) e a representação dos mesmos com massa de modelar;
Levar para sala de aula bananas, alimento que o pai de Poti leva para sua taba, induzir os alunos a comerem bananas, falando do seu sabor, cor, textura, etc.
2º momento (2ª semana)
Na roda de conversa, trazer aspectos da cultura africana – mostrar fotos/imagens, tecidos típicos, falar da alimentação, das danças, da culinária, das roupas e de quanto estes aspectos estão presentes na nossa cultura;
Levar para a sala de aula uma história para contar às crianças que contemple ou mencione “diferenças”. No caso dessa aula a sugestão é a história “Menina Bonita do laço de fita” da autora Ana Maria Machado;
Ler para os alunos a história do livro Menina bonita do laço de fita;
Explorar na leitura do livro algumas questões para que as crianças possam pensar e verbalizar suas opiniões. Reler o trecho da história “O coelho achava a menina a pessoa mais linda que ele já tinha visto em toda a vida! E pensava: _ Ah, quando eu casar quero ter uma filhinha pretinha e linda que nem ela!”. Questionar as crianças: O que é ser bonito? Como uma pessoa deve ser para ser bonita? Na medida em que as crianças forem colocando suas opiniões ir enfatizando a importância da diferença de cada um. Destacar para o grupo que o importante é ser diferente, indagando: Já pensaram se todos nós fôssemos iguais?
Aproveitar a descoberta do coelho de que “a gente se parece sempre é com os pais, os tios, os avós e até com os parentes tortos” e perguntar às crianças com quem elas acham que se parecem. Para complementar essa discussão, pode-se enviar uma atividade para casa em que as crianças perguntarão aos pais com quem eles acham que elas se parecem. Assim com certeza aparecerão muitas respostas interessantes: olho da avó, cabelo do pai, boca da mãe, etc. Os pais podem enviar fotos de seus filhos junto com as pessoas com quem acham que o filho se parece. Assim que o material chegar em sala o professor deve socializar as descobertas na rodinha ajudando na verbalização das crianças;
Utilizando massinha de modelar eoutros materiais, pedir aos alunos para construírem a Menina bonita do laço de fita. As crianças criam laços com brinquedos e se reconhecem. É interessante associar bonecos negros ao cotidiano da creche. A presença de bonecos negros é sinal de que a creche reconhece a diversidade da sociedade brasileira;
Para estimular a oralidade e expressão das crianças confeccionar dedoches e fantoches para brincarem de teatrinho.
3º momento (3ª semana)
SINOPSE DO FILME – Na África Ocidental nasce um menino minúsculo, cujo tamanho não alcança nem o joelho de um adulto, que tem um destino: enfrentar a poderosa e malvada feiticeira Karabá, que secou a fonte d'água da aldeia de Kirikou, engoliu todos os homens que foram enfrentá-la e ainda pegou todo o ouro que tinham. Para isso, Kiriku enfrenta muitos perigos e se aventura por lugares onde somente pessoas pequeninas poderiam entrar.
1º) Primeiramente deixar que as crianças falem o que mais lhes chamou a atenção no filme;
2º) Falar sobre aspectos próprios da cultura, o que é comum em determinada cultura. Como por exemplo as mulheres que aparecem com os seios de fora, relacionar aos índios que também usam pouca roupa;
3º) A partir do herói que o filme apresenta – Kiriku – pedir para as crianças relacionarem com os heróis que elas conhecem. Há semelhanças? E diferenças?
4º momento (4ª semana)
Trabalhar ao longo da semana livros e vídeos que trabalham a diversidade e influência étnico-racial. A contação de histórias merece lugar de destaque na sala de aula. Ela é o veículo com o qual as crianças podem entrar em contato com um universo de lendas e mitos e enriquecer o repertório. Textos e imagens que valorizam o respeito às diferenças são sempre muito bem vindos. Segue algumas sugestões do ícone 9: Bruna e a galinha d’angola; Menina bonita do laço de fita; O menino marrom; O cabelo de Lelê; A princesa negra, Menino Poti; Meninos de todas as cores; entre outros.
5º momento (5ª semana)
A música permeia todo o trabalho na Educação Infantil. O Grupo Palavra Cantada tem diversas músicas que falam sobre a cultura afro-brasileira e indígena. A música desenvolve o senso crítico e prepara para outras atividades. Conhecer músicas em diferentes línguas e de diferentes origens, é um bom caminho para estimular o respeito pelos diversos grupos humanos. E isso se aplica a todas as formas de Arte. Ao longo do projeto podemos apresentar diferentes músicas as crianças, trabalhando assim a letra, a sonoridade, a oralidade, rimas, gestos, etc. Algumas sugestões: Yapo , África, Imitando os bichos, Pindorama, Tu tu tu tupi, Ninguém é igual a ninguém, entre outras.
6º momento (6ª semana)
Na sexta semana as professoras podem reforçar tudo o que foi trabalhado ao longo do projeto, apresentando aos alunos através de vídeos e slides hábitos e histórias afro-brasileiros e indígenas que influenciaram os nossos costumes;
Convidaremos os pais do aluno nativo da África, para conversar com nossos estudantes, trazendo um pouco da cultura do seu país de origem;
Podemos trabalhar com os alunos algumas receitas de comidas que tem sua origem afro-descente ou indígena. Melhor ainda se houver degustação, com o apoio da família podemos fazer um momento de degustação dessas comidas. As aulas de culinária são momentos ricos para enfocar as heranças culturais dos vários grupos que compõem a sociedade brasileira.
7º momento (7ª semana)
Na última semana do mês de maio, convidaremos os pais para fazer, junto com os filhos, uma oficina de bonecos negros, brancos e indígenas. Ofereceremos o material necessário para confeccionar utilizando argila, massa de modelar e biscuit. Depois de prontos, deixaremos à disposição na sala para exposição para que as crianças possam levá-los para casa. As crianças criam laços com esses objetos e se reconhecem neles;
Oficina de brinquedos e instrumentos musicais indígenas feitos a partir de objetos recicláveis.
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Parabéns, o projeto é maravilhoso.
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