Atividades de Leitura e Escrita
A pré-escola
procura proporcionar momentos constantes de contato prazeroso com a
leitura-escrita, mediante de leitura de histórias, contos de fada, gibis e
livros infantis, bem como, leitura e escrita de bilhetes, cartas, exposição dos
nomes próprios, relatos de final de semana, registros de aulas de educação
física, de passeios, músicas infantis e receitas. Com o objetivo de expor as
crianças à leitura e a escrita são desenvolvidas diversas atividades, algumas
das quais serão descritas abaixo:
Contando Histórias
Os contos de
fadas e histórias em geral são introduzidos desde que as crianças entram na
pré-escola e, como acontece também com as crianças ouvintes (Perroni, 1992), as
histórias são contadas várias vezes, até que, valendo-se das perguntas do
adulto, em um primeiro momento, as crianças comecem a relatá-las. Nota-se
que depois de algum tempo, as crianças se apropriam do papel de
“leitores”, olhando as letras e "lendo" as figuras para os colegas de
classe.
Depois que as
crianças demonstram já conhecer uma história, dramatizam-na, escolhendo os
papéis. Desde cedo são incentivadas a registrar algum aspecto da história.
Inicialmente tal registro se dá por intermédio de desenhos e nas classes mais
avançadas, pela da escrita.
Percebe-se
que, como na criança ouvinte, no início os desenhos são basicamente
constituídos de garatujas sem significado consistente. Aos poucos vão tomando
forma e significado, até que os alunos passam a fazer uma previsão do que será
desenhado. Depois de algum tempo as formas vão se aproximando do real e podem
até ser reconhecidas mesmo fora do contexto.
Adivinha quem é
Fazem-se tiras
de cartolina com os nomes das crianças e dos profissionais que atendem à
classe, as quais são colocadas num saco. O professor sorteia um nome e as
crianças adivinham de quem é. Após algum tempo de trabalho, quando a classe já
se constituiu como grupo, dão-se pistas de quem é aquele nome: "É uma
menina. Tem cabelo loiro. Está de tênis preto. Está de rabo de cavalo",
etc. À medida que as crianças vão conseguindo identificar o portador das
características apontadas pelo professor, as pistas vão se tornando menos
óbvias. Esta atividade pode ser utilizada para identificar objetos de
diferentes categorias semânticas, assim como animais. É possível, também,
introduzir a identificação de pessoas e objetos usando a negação, o que
possibilita o trabalho com eliminação de variáveis. Ex.: "Não é menina.
Não tem cabelo preto." Uma outra possibilidade e as crianças
assumirem o papel, antes desempenhado pelo adulto, de apresentar as
características das pessoas e objetos para que sejam identificados pelos
colegas.
Montando os Nomes
São colocadas
duas tiras de cartolina com o nome na carteira da criança. Na frente delas
corta-se uma das tiras, dividindo o nome em partes (duas ou três). No
início mantém-se o modelo na mesa e a criança é solicitada a montar apenas o
seu nome. Num próximo passo, ela trocará de lugar e montará também os nomes dos
colegas. Passado algum tempo de trabalho e, se as crianças tiverem condições,
retira-se o modelo da mesa. Se demonstrarem dificuldade ou solicitarem modelo,
deverão recorrer à lousa onde sempre haverá o modelo. Após a
montagem dos nomes, as crianças colam, numa folha de ofício, a sua produção.
Registro dos Nomes das
Crianças
Escrevem-se os
nomes juntamente com as crianças na folha de papel que será utilizada para a
produção e, em seguida, ela é entregue para o seu dono. Num momento
posterior, antes da entrega das folhas, aproveita-se para estimular os alunos a
fazerem o reconhecimento e identificação dos nomes dos colegas. Esta atividade
permite muitas variações, como solicitar a uma criança que faça a distribuição
das folhas; usar pistas de adivinhação, etc. O mesmo pode ser feito com as pastas,
objetos pessoais, etc. Posteriormente pode-se pedir às crianças que, além de
identificarem, escrevam tanto o seu nome como os dos amigos. Quando as
crianças já reconhecem os nomes, começa-se a estimulá-las à escrita dos
mesmos.
Nessa fase de
aprendizado, utilizam-se jogos mais elaborados e estruturados, como por
exemplo:
- jogo de
forca; -
descobrir que letras faltam no nome dos amigos; - bingo de nomes;
- perceber
entre dois nomes selecionados suas semelhanças ou os critérios que foram
utilizados para a seleção (quantidade de letras, letras semelhantes iniciais ou
finais);
- letras
misturadas para formar os nomes, etc...
Calendário
Todos os dias,
tiras de cartolina com nomes dos alunos são colocados na lousa, dividida-as em
dois grupos, quem veio e quem faltou à escola. Cada criança sorteia um
nome, identifica de quem é, e o entrega ao colega que deve colar a tira
com seu nome na lousa. Esta atividade tem variações, como colar a tira, mesmo
que seja o nome do colega, após identificá-lo. O professor vai fazendo
perguntas, como: "quem veio ou faltou na escola hoje?" e as
crianças, falam o nome ou o procuram em meio às tiras de papel, após o
localizarem, colam a tira na lousa.
Outra
possibilidade, é combinar esta atividade com a “Adivinha quem é?”. O
professor sorteia um nome e a criança cujo nome foi sorteado escolhe uma cor de
giz e “escreve” seu nome na lousa, próximo à tira onde o mesmo está
escrito. Para se expor à noção de tempo, inicialmente o professor vai
introduzindo os conceitos oralmente e posteriormente através da escrita por
meio de expressões como: ontem foi ...; hoje é ....; amanhã será.... Nas salas
de infantil, há uma expansão dos conceitos, introduzindo-se os dias da semana e
os meses do ano. Os materiais utilizados para o desenvolvimento do calendário
são diversificados, podendo-se utilizar desde os calendários convencionais, até
outros, feitos pelo professor e pelas crianças, variando- se a forma e o uso de
acordo com a criatividade do professor. Pode-se também, introduzir no
calendário as atividades que serão desenvolvidas durante aquele dia ou na
semana. Esta atividade, por ser repetitiva, pode ser aproveitada para se
introduzir a exposição a outro tipo de letra, como a cursiva. Observa-se que é
nessa atividade que as crianças tentam primeiramente substituir a letra de
forma pela cursiva.
Correspondência entre Escrita e Objetos
Num primeiro
momento as mesas e cadeiras são etiquetadas com os nomes das crianças, escritos
pelo professor juntamente com a criança na cor escolhida por ela.
Reconhecendo e identificando seu nome, a criança localizará sua cadeira e mesa,
num primeiro momento com a ajuda do professor e após algum tempo de
trabalho, sozinha. Posteriormente espera-se que ela seja capaz de
fazer o mesmo com os objetos dos colegas. Não há um momento específico para
esta atividade. Aproveitamos para fazê-la, quando vamos usar as mesas e
cadeiras para comer, desenhar, etc.
Álbum de Fotos
Solicitam-se
fotos de todas as crianças e profissionais que atendem à classe, tira-se xerox
das mesmas, de modo que cada um tenha a sua cópia. Com as fotos trabalham-se os
nomes e também estruturas frasais simples, do tipo: "Este é meu amigo
Tarcísio". As estruturas são escritas junto com as crianças em folhas de
ofício, para montar um livrinho, de modo que cada um tenha sua cópia. Pode-se
montar o livrinho também no caderno de desenho. Nas classes de pré-escola
as fotos passam a ter uma conotação documentária.
Caixa de Fósforos com Fotos,
Contendo Letras do Nome
Esta atividade
combina o reconhecimento de fotos e a montagem dos nomes, e é proposta somente
quando os alunos já reconhecem todas as letras de todos os nomes.
Inicialmente dá-se uma tira de papel para o aluno, na qual as letras de seu
nome estão separadas, cada uma em um quadradinho. A criança recorta todas as
letras, que, depois serão colocadas dentro de uma caixa de fósforo com a sua
foto colada do lado de fora. Esta caixa vai circulando entre todos os alunos,
que tirarão as letras de dentro e tentarão montar os nomes, primeiramente com e
mais tarde sem o modelo. Uma variação desta atividade é entregar às crianças
envelopes contendo letras para que elas montem os nomes, sem o apoio das
fotos.
Cantinhos
Esta atividade
consiste em colocar em cada canto da sala diferentes tipos de estímulos, como:
lápis e papel, jogos de montagem e encaixe, objetos que desenvolvam o jogo
simbólico e livros infantis. No início, as crianças geralmente optam pelos jogos,
ficando, como últimas opções de exploração, os cantos com livros e os com lápis
e papel. No decorrer do semestre, estes cantos passam a despertar mais o
interesse das crianças, que ao explorá-los, localizam letras de seu nome
e dos colegas nos livros e contam as histórias aos colegas.
Relatos de Final de Semana
Usa-se
caderneta de comunicação diária com os pais, onde geralmente serão registrados
pelas mães, entre outras coisas, o final de semana. É pedido às mães que
escrevam o relato junto com a criança. Assim, na segunda-feira, após a
atividade de calendário, o professor e as crianças sentam-se no chão em círculo,
e elas contam como foi o final de semana. Muitas vezes as crianças não
conseguem contar o que fizeram, principalmente no início do trabalho. Quando
isto acontece, o professor lê junto com elas o que a mãe escreveu. Depois que
todos fizeram seu relato, cada criança conta o que foi mais significativo
para ela. O professor elabora uma frase com a produção oral ou sinalizada da criança
e a escreve na parte inferior da folha; lê o que escreveu e entrega para a
criança desenhar. Passado algum tempo de trabalho o professor, após escrever
nas folhas as produções das crianças, sempre em forma de frases ou de pequenos
relatos, mostra as folhas para as crianças e todos juntos fazem a leitura de
todas as produções. Em seguida entrega-as para seus autores. A entrega se dá da
seguinte forma: o professor lê uma das folhas, sem falar o nome da criança, ex:
"Foi ao cinema com a mamãe e o papai". Então todos tentam
adivinhar quem é o autor daquele relato. A seguir as crianças fazem o relato
partindo do desenho, na folha escrita. Nos outros dias da semana, após o
calendário, é feita a leitura do conteúdo de cada caderneta para a classe. A
seguir os bilhetes são respondidos por escrito pelo professor, sendo a resposta
lida a seguir para as crianças. Outra possibilidade é enviar para a casa das
crianças folhas onde estão escritos os dias correspondentes ao final da semana
(sábado e domingo) para que seja feito, juntamente com a família, o
registro das atividades realizadas pela criança. Este registro pode ser feito
usando-se desenhos, colagem de ingressos, figuras correspondentes a filmes
assistidos, e mais tarde pela escrita.
É servindo-se
desses pequenos relatos de finais de semana que as crianças começam a
identificar e "ler" suas frases e as dos seus amigos.
Elas iniciam a "leitura" de
todos os elementos das frases (artigos, verbos, preposições etc.) oralmente ou
usando sinais. A partir daí, o contexto escrito começa a ser ampliado para
textos de três ou quatro frases até chegar a textos mais longos e complexos.
Registros
Além do
registro do relato de final de semana, trabalha-se também o registro de
atividades e passeios. O professor trabalha com as crianças onde, como e quando
irão, quem vai etc. Manda o bilhete para a mãe, comunicando o evento, sendo que
a criança já sabe o conteúdo do bilhete. Na volta do passeio é realizada
a dramatização e o registro do que aconteceu: “onde foram”, “quem foi”, “como
foi”, “o que viram” etc. O registro se dá da mesma forma que os relatos de
final de semana. Posteriormente, o registro passa a ser feito de duas formas:
pelo professor com o grupo classe ou pelas crianças, que podem usar
fotos como apoio para a sua produção. Outra possibilidade é após a produção
de um texto pelo grupo, pedir às crianças que relacionem as partes do
texto às fotos correspondentes.
Receitas
O trabalho com
receitas inicia-se muito antes da receita em si. Citam-se os passos
para o trabalho com a receita "Salada de Frutas", que serão
basicamente os mesmos seguidos para outras receitas. Muitas vezes as frutas
estão presentes no lanche e começam a despertar a curiosidade das crianças.
Elas percebem as igualdades, as diferenças, características próprias, etc.
Assim são trazidas frutas de plástico que são exploradas, agrupadas pelas
crianças com a ajuda do professor. Além de nomear, pode-se também fazer jogo de
adivinhação. Por ex: "é uma fruta amarela que o macaco gosta
muito de comer". Monta-se uma feirinha onde o professor assume o
papel de vendedor e as crianças de compradores, posteriormente invertem-se os
papéis. Sugere-se às crianças que cada uma escolha uma fruta que deverá
ser trazida para a escola no dia seguinte. Cada uma desenha a fruta escolhida,
que será o bilhete para a mamãe, complementado pela escrita do professor,
produzida junto com a criança. No dia seguinte a salada de frutas é
feita.
Cada etapa da
“receita” vai sendo registrada através de fotos e/ou desenhos. Nesse
registro consta desde o que cada um trouxe, passando pelo lavar, descascar,
cortar, experimentar a fruta, até chegar à finalização da salada de frutas. A
receita é escrita junto com as crianças para a identificação das palavras. Em
seguida, monta-se um pequeno livro, ilustrado com todas as etapas do processo
que foram sendo registradas durante a execução. Cada um terá a sua cópia.
Nas classes da
Pré-Escola, a leitura das receitas é realizada primeiro em grupo, depois individualmente, pedindo para que elas
identifiquem, na receita, a seqüência dos ingredientes.
Em outro
momento cada criança recebe uma folha com a cópia da receita, em que tentará
fazer uma “leitura”.
Atrelado a
todo este trabalho, existe o momento do registro individual, feito em desenhos
e alguma produção escrita que a criança deseje. Pode-se notar que esta escrita
normalmente se fixa nos nomes dos ingredientes.
Supermercado
Solicita-se à
família que mande para a escola embalagens de materiais com os quais os
filhos tenham mais familiaridade (que ela use, veja o uso, saiba para que serve,
etc.), como materiais de limpeza: caixas de sabão, detergente, embalagens de
sabonete, pasta de dente, escova de dente, shampoo, desodorante, perfume, etc.;
alimentos: latas de achocolatado , leite, aveia, recipiente de danone, yakult,
farinhas, gelatinas, etc.; remédios, etc.
Quando o
material chega, o professor explora, com as crianças, o nome, para
que serve, onde se compra, entre outras coisas. Geralmente a maioria conhece e
ajuda a explicar o que é, para que serve, etc. Depois do material todo
explorado e reconhecido, todos ajudam a arrumar o supermercado, separando as
sessões. No supermercado, alguns alunos são os “compradores”, outros os
“caixas” e “empacotadores” para dar inicio a uma dramatização, em que os papéis
são rodiziados. Os compradores levam as compras "para casa",
dramatizam o uso do produto e tornam a guardá-los, classificando-os pelo uso.
Nestes momentos as crianças são incentivadas a localizar no rótulo da embalagem
os nomes dos produtos e, muitas vezes, espontaneamente, localizam também as
letras de seu nome e dos colegas.
Depois de
bastante explorados, os materiais são utilizados nas atividades de
"artes", criando carrinhos de caixas de sabão, aviões da pastas de
dente, etc.
Música
O trabalho com
músicas infantis traz muito prazer para as crianças. Elas gostam muito de
“cantá-las”, utilizando a “fala” e os “sinais”. Depois de dramatizadas e muito
cantadas, as músicas são escritas na lousa ou em folhas de cartolina.
Nessas
exposições as crianças, muitas vezes, reconhecem e identificam as letras de seu
nome e dos colegas, bem como algumas palavras que se repetem.
Nas classes de pré, provavelmente por "cantarem" várias vezes, acompanhando a escrita da música, as crianças memorizam as músicas com maior facilidade . Assim, na escrita individual da música que está sendo trabalhada, observa-se uma melhor organização frasal e uma maior aproximação da escrita a sua forma convencional sem a assistência do adulto. Além disso, nota-se que, neste tipo de escrita, os alunos mantêm uma escrita para determinada palavra, repetindo-a da mesma forma escrita anteriormente. Exemplo:
Nas classes de pré, provavelmente por "cantarem" várias vezes, acompanhando a escrita da música, as crianças memorizam as músicas com maior facilidade . Assim, na escrita individual da música que está sendo trabalhada, observa-se uma melhor organização frasal e uma maior aproximação da escrita a sua forma convencional sem a assistência do adulto. Além disso, nota-se que, neste tipo de escrita, os alunos mantêm uma escrita para determinada palavra, repetindo-a da mesma forma escrita anteriormente. Exemplo:
PIULO DE BAE BAE
(pirulito que bate bate)
PIULO DE JANA BAU
( pirulito que já bateu)
QE GOIA DE IE È ELA
(quem gosta de mim é ela)
QE GOIA ELA SOU EU
(quem gosta dela sou eu)
(pirulito que bate bate)
PIULO DE JANA BAU
( pirulito que já bateu)
QE GOIA DE IE È ELA
(quem gosta de mim é ela)
QE GOIA ELA SOU EU
(quem gosta dela sou eu)
Em relação ao
desenvolvimento da escrita pelas crianças na primeira fase da pré-escola (4
anos), nota-se, no decorrer do trabalho, que, geralmente no segundo semestre,
elas já são capazes de, além de identificar e reconhecer os nomes de todos da
classe, identificam também as letras de seu nome e dos colegas em outros
materiais escritos, como livros, revistas, jornais, embalagens, letras de
músicas, receitas etc. Começam a ensaiar uma escrita do nome em suas produções,
no início em forma de garatujas, diferentes daquelas usadas para desenhar, como
minhoquinhas, pontinhos, bolinhas. É possível perceber que no início algumas
crianças “escrevem” em suas produções seu nome ao lado da figura que fazem de
si mesmo, usando, muitas vezes, a mesma cor que escolherão para nomear seus
pertences.
Nessa mesma
época, a maioria já usa pseudo-letras que vão se intensificando e dão
lugar, então, às primeiras letras. De modo geral, usam a letra inicial de
seu nome e a repetem para “completar” a escrita do mesmo. Posteriormente,
vão acrescentando letras, até chegar à escrita de todas, ou quase
todas as letras de seu nome, o que acontece mais no final do ano. Na segunda
fase da pré-escola (5 anos), as crianças já conseguem escrever espontaneamente
seu próprio nome e identificam os nomes dos colegas e da professora.
É interessante
observar que, através desta exposição constante à escrita, as crianças, quando
chegam à terceira fase da Pré-Escola (6 anos), estão mais interessadas em saber
o que está escrito em um determinado material ou como se escreve uma
determinada palavra. Fazem tentativas de escrever várias palavras, utilizando
primeiramente as letras dos seus próprios nomes para nomear os objetos e
não aceitam pseudo-letras como resultado. Os alunos que ainda se encontram
nesta fase são estimulados pelos próprios colegas, usando modelos, a tentarem
escrever com as letras do alfabeto (de forma).
Os alunos são
capazes de identificar nomes de objetos que aparecem com mais freqüência nas
histórias ou exercícios propostos. Quando se trabalha com a escrita, por meio
da leitura orofacial ou da memorização das palavras (como no jogo da memória),
conseguem encontrar os pares.
Depois de, em
média, dois anos de trabalho com a escrita, já começam a produzir pequenos
relatos, como se pode observar no exemplo:
A MAMAGMA $ORO AO PAO E AFO
(a mamãe comprou copo prato e garfo )
(a mamãe comprou copo prato e garfo )
No
exemplo, a criança transpõe para a escrita informações já incorporadas,
como o nome de sua mãe (Magna) e o
símbolo do $, que ela usa antes da palavra comprou. A exploração do
contexto visual é uma característica na escrita de crianças surdas, como aponta
Cruz (op. cit.).
Além do
trabalho com diferentes materiais escritos, como receitas, músicas,
histórias infantis, gibis, etc., são acrescentadas a produção de
escrita pelas crianças e a leitura.
Trabalho com Textos
Na terceira
fase da pré-escola é dada muita ênfase à elaboração de textos, visando,
principalmente, um contato mais estreito da criança com a escrita dentro de um
contexto significativo. Inicialmente são produzidos pequenos textos de três ou
quatro frases, escritas pelo professor, com base no relato da criança sobre
fatos por ela presenciados, como passeios, finais de semana, etc. Aos
poucos a quantidade de informação escrita vai sendo ampliada de acordo com o
interesse e o desenvolvimento do grupo.
São feitos
vários tipos de textos, como relatos, histórias criadas pelas próprias crianças
ou de livros, receitas diversas, músicas, pesquisas, etc.
Os relatos
baseiam-se em fatos ocorridos com as próprias crianças (por exemplo: relato de
férias, finais de semana etc...) ou passeios feitos pelo grupo.
Utilizando perguntas, a professora vai montando as estruturas
frasais, escrevendo na lousa, e organizando tudo em forma de texto.
Esta escrita
espontânea pode ser feita de duas formas:
- o professor
organiza a idéia da criança em uma estrutura frasal e dá o modelo articulatório
valendo-se de todas as pistas (auditiva , visual , tátil-cinestésica, gestual e
alfabeto datilológico) para que a criança escreva, por exemplo:
EU FOINA FAIA DA
VOVO
(Eu fui na fazenda da vovó)
EU FOINA IEA CO MO PAI
(Eu fui na piscina com meu pai)
(Eu fui na fazenda da vovó)
EU FOINA IEA CO MO PAI
(Eu fui na piscina com meu pai)
- a criança
escreve livremente sem nenhuma interferência do adulto. Desta forma aparece
mais claramente a transferência para o papel daquilo que lhe é mais
significativo e as palavras com as quais mais intimamente se identificam.
Exemplo:
O MERIE VAI FAIE
CÉA CAHEUO MERIE
( O menino vai olhar céu começou chuva menino)
( O menino vai olhar céu começou chuva menino)
Como se pode
observar nos exemplos, com a ajuda do adulto dando várias pistas, percebemos
que a produção das crianças revelam maior conhecimento da escrita e da
estrutura da língua. Já na escrita elaborada individualmente, sem qualquer
ajuda, percebemos um grau maior de dificuldade.
Quando as
atividades são vivenciadas pelo grupo, o momento do relato é mais rico, pois
cada criança contribui com informações e impressões pessoais. Em
situações vivenciadas fora do ambiente escolar os relatos individuais são mais
simples, sendo que o aluno necessita da interferência do adulto para torná-los
mais ricos. Com o grupo que está na ultima fase da pré-escola (6 anos) o relato
adquire maior riqueza de detalhes e com seqüência de fatos. No entanto,
para transpor esses relatos para a escrita, ainda necessitam da ajuda direta do
adulto para organizar a estrutura frasal.
Observa-se
que, registrando o que a criança vivenciou e respeitando seu interesse, os
textos carregam um maior significado para seus autores. Dessa forma, são fáceis
de serem entendidos, possibilitando a ocorrência de uma “ leitura" antecipada.
As crianças começam a transferir o uso de palavras para outros
contextos . Esse trabalho estimula a criança a fazer sua própria leitura,
fazendo com que elas se sintam mais capazes.
Leitura
Na
leitura, todas as palavras podem ser sinalizadas como também ser
utilizados o alfabeto digital para artigos, nomes próprios, e para algumas
preposições e advérbios. Algumas preposições têm seus próprios sinais (para,
com, etc.) e são reconhecidas pelas crianças na escrita
(facilitando a sua utilização na fala). Nota-se que com isso elas apresentam
maior facilidade para reconhecer frases e palavras isoladas do texto.
Um fato
bastante comum no desenvolvimento da "leitura" é uma sensível melhora
na articulação das palavras mesmo pelas crianças com dificuldades. Elas parecem
prestar mais atenção na sua articulação e na do outro, o que resulta numa fala
mais inteligível. O uso da leitura orofacial como pista na busca da relação
fonema-grafema também foi observado por Cruz. Ainda segundo Cruz, à medida que
confrontam suas escritas com as informações que o meio lhes proporciona, as
crianças buscam uma adequação maior na relação escrita/sonoridade. Quando se
nota tal preocupação nos alunos, procura-se fazer com que busquem a forma
convencional dos vocábulos, como ilustra o exemplo abaixo.
O professor pergunta à classe:
- Como
posso escrever a palavra "
bola" ?
Se as
crianças responderem com a letra "O",
tenta-se fazê-las pensar sobre o que vem junto com a letra "O", e juntos conseguimos
chegar à escrita convencional, dando a pista auditiva, da leitura orofacial e
do alfabeto digital.
Este tipo de
intervenção acarreta um envolvimento muito grande dos alunos, tornando-os mais
atentos à relação fala x escrita, estimulando-os na busca da escrita convencional.
Nota-se também
que nesse momento existe uma troca muito grande entre as crianças: aquela que
percebe mais a relação fala x escrita
acaba dando a pista para os colegas, fazendo com que as que não estão no mesmo
nível sejam beneficiadas.
Embora a
alfabetização formal se dê somente no Ensino Fundamental (primeiro grau), o
trabalho tem início desde a primeira etapa da pré-escola com o objetivo de
expor as crianças a uma escrita diversificada, envolvendo diferentes tipos de
textos.
Procura-se
usar estes textos nas mais variadas situações escolares e sociais, propiciando
uma visão mais ampla da escrita: ela não se restringe somente ao ambiente
escolar, passando a ter um significado mais amplo e dinâmico. A criança tem
oportunidades de vivenciar o uso da escrita em diferentes contextos, percebendo
sua utilização e significado para a vida.
Esta maneira
de ver a alfabetização, em que a criança pode escrever de forma criativa
e espontânea, reflete uma crença na necessidade da escola e do professor
assumirem uma nova postura em relação a todo o processo.
Embora não
seja objetivo que os alunos saiam alfabetizados da pré-escola, observa-se que
muitos já começam a produzir seus primeiros textos, ainda que com a ajuda do
professor, contribuindo para que a criança surda seja vista como
escritor e leitor capaz de entender e se expressar.
Muito bom.Jeane!! Parabéns pelo trabalho����
ResponderExcluirMuito bom.Jeane!! Parabéns pelo trabalho����
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