sexta-feira, 18 de julho de 2014

PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL DENTRO DO PLANEJAMENTO SÓCIO-INTERACIONISTA

PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL DENTRO DO
PLANEJAMENTO SÓCIO-INTERACIONISTA


Planejamento e avaliação na educação infantil dentro do pensamento sócio-interacionista um tema muito discutido entre os profissionais de educação infantil, tem como objetivo  conceituar planejamento de ensino e avaliação, verificando a sua importância na organização do trabalho docente para o sucesso do processo de ensino e aprendizagem na educação infantil na linha de pensamento sócio-interacionista.
O ato de planejar faz parte da realidade humana, na educação infantil não é diferente, para uma atividade sistemática, para uma organização da situação de aprendizagem ela necessita evidentemente de um planejamento muito sério não se pode improvisar a educação seja qual for o seu nível, e um bom planejamento começa com avaliação diagnóstica, esta também tem sido um problema, pois a dificuldade de avaliar na educação infantil é grande. Assim apresentaremos as dificuldades enfrentadas, a importância e os elementos essenciais necessários para o bom desenvolvimento do planejar e avaliar no processo educativo, e também a contribuição de alguns teóricos que descrevem o processo de aprendizagem sócio-interacionista.
 Para Vygotsky a aprendizagem se dá através da interação com o meio, na zona de desenvolvimento proximal, cabe ao profissional mediar essa aprendizagem executando corretamente sua função de planejar e avaliar.
Planejamento é o principal instrumento de trabalho de um professor sem ele eu diria que é impossível exercer corretamente a função que nos é confiada, a de educar, o planejamento por melhor que seja não garante por si a aprendizagem mas é um guia que organiza, que direciona que articula a atividade, porém não podemos esquecer que é muito importante que este planejamento seja flexível, que possa ser mudado de acordo com a realidade da turma ou de cada aluno. O planejamento principalmente na linha socio-interacionista deve começar com a avaliação por isso não pode ser desvinculado da mesma, esta avaliação é diagnóstica que tem a função de identificar eventuais problemas de aprendizagens suas possíveis causas, numa tentativa de saná-los, e também identificar a zona de desenvolvimento proximal que segundo Vygotsky seria a distância entre o desenvolvimento real de uma criança e aquilo que ela tem o potencial de aprender. Para então partimos de um ponto que direciona nosso planejamento.
Observamos nesta pesquisa que a principal dificuldade em realizar um planejamento socio-interacionista é saber como funciona o mecanismo de aprendizagem nesta linha de pensamento, quanto ao planejar houve um consenso de sua importância e necessidade. Em se tratando de avaliação a maioria das educadoras desenvolvem a proposta da escola sem entender plenamente o seu significado e importância, tornando assim mera constatação de aprendizagem , deixando de usar esse rico instrumento para reflexão reformulação e melhoria do ensino-aprendizagem. Acredito que os objetivos traçados no inicio desta pesquisa foram alcançados, atravéz deste podemos conhecer um pouco mais sobre planejamento e avaliação dentro do pensamento sociointeracionista , as principais dificuldades enfrentadas pelas educadoras diante destes. Esperamos que esta pesquisa seja mais uma contribuição acerca deste tema.


A avaliação na Educação Infantil passo a passo:

• Observar e compreender o dinamismo presente no desenvolvimento infantil é fundamental para redimensionar o fazer pedagógico. Essa compreensão influenciará diretamente na qualidade da interação dos professores com a infância.

• O conhecimento de uma criança é construído em movimento de idas e vindas, portanto, é fundamental que os professores assumam seu papel de mediadores na ação educativa; mediadores que realizam intervenções pedagógicas no acompanhamento da ação e do pensamento individualizado infantil.

• Ainda hoje, na prática cotidiana, é comum, não só na Educação Infantil, como nos demais níveis de ensino, os avaliados serem só os alunos. É necessário que a clássica forma de avaliar, buscando “erros” e “culpados", seja substituída por uma dinâmica capaz de trazer elementos de crítica e transformação para o trabalho.

• Nesse processo, todos – professores, recreadores, coordenação pedagógica, direção, equipe de apoio e administrativa, crianças e responsáveis – devem, sentir-se comprometidos com o ato avaliativo.

• Para focar o olhar em como se avalia, sugere-se atenção aos pontos abaixo, nos espaços de educação infantil:
Análises e discussões periódicas sobre o trabalho pedagógico. Estas ações são realizadas nos encontros periódicos. Elas fornecem elementos importantes para a elaboração e reelaboração do planejamento. Igualmente importante é dar voz à criança. Nesse sentido, a prática de avaliar coletivamente o dia-a-dia escolar, segundo o olhar infantil, traz
contribuições fundamentais e surpreendentes para o adulto educador, ao mesmo tempo que sedimenta a crença na concepção de criança cidadã.

Observações e registros sistemáticos:
            Os registros podem ser feitos no caderno de planejamento, onde cada professor/ recreador registra acontecimentos novos, conquistas e/ou mudanças de seu grupo e de determinadas crianças; dados e situações significativos acerca do trabalho realizado e interpretações sobre as próprias atitudes e sentimentos.
É real que, no dia-a-dia, o professor/ recreador não consiga registrar informações sobre todas as crianças do seu grupo, mas é possível que venha a privilegiar três ou quatro crianças de cada vez e, assim, ao final do período, terá observado e feito registro sobre todas as crianças.

            Utilização de diversos instrumentos de registro. Para darmos espaço à variada expressão infantil, podem-se utilizados como instrumentos de registro de desenvolvimento arquivos contendo planos e materiais referentes aos temas trabalhados, relatórios das crianças e portfólios.
            O professor/recreador deve organizar um dossiê de cada criança, guardando aí seus materiais mais significativos e capazes de exemplificar seu desenvolvimento. Também durante a vivência de um projeto de trabalho, cada grupo deve ter como meta a produção de um ou mais materiais que organize o conhecimento constituído acerca do assunto explorado. Assim sendo, o arquivo de temas é o dossiê do projeto realizado pelos grupos de uma mesma instituição.

            Construção de um olhar global sobre a criança A fim de evitar um ponto de vista unilateral sobre cada aluno, é fundamental buscar novos olhares:
 - Recolhendo outras visões sobre ela.
 - Contrastando a visão dos responsáveis com o que se observa na escola/ creche.
 - Conhecendo o que os responsáveis pensam sobre o que a escola/creche diz.
 - Refletindo sobre o que a família pensa em relação aos motivos de a criança comportar-se de determinada forma na escola/creche.
- Ouvindo a família sobre como pensa que poderia auxiliar a criança a avançar em seu desenvolvimento.

Sugestões:
Hábitos e Atitudes:
Está sempre atento na sala de aula.
Relaciona-se bem com os colegas e professores.
Ouve com atenção e espera a sua vez de falar.
Faz a tarefa com capricho e é pontual na sua entrega
Porta-se no momento da merenda e higiene.
Colabora com a limpeza da sala de aula.
É cuidadoso com o material escolar.
Confia nas tarefas que realiza.
Comporta-se bem nas atividades desenvolvidas.
A conversa está interferindo no rendimento.
Reparte os brinquedos com os colegas



Linguagem:
Entende bem o que lhe é falado.
Expressa-se com clareza.
Articula bem as palavras.
É desinibido e gosta de participar das atividades musicais e teatrais.
Dialoga sobre suas vivências espontaneamente.
Na hora da história, está disposto a ouvir e participar.

Desenvolvimento Cognitivo:
Apresenta bom raciocínio matemático.
Tem facilidade em compreender as noções matemáticas.
Compõe quebra-cabeça.
Consegue concentrar-se na realização das atividades.
Demonstra interesse e criatividade na execução dos trabalhos.
É responsável na execução das atividades.

Desenvolvimento Psicomotor:
Consegue movimentar-se bem (pular, correr, saltar, arrastar...).
Quando modela cria formas diferentes.
Apresenta boa motricidade fina (recortar, pintar, colar...).
Tem consciência do seu corpo e consegue expressar-se graficamente.
Orienta-se bem no espaço e tempo.

O PAPEL DO PROFISSIONAL DA EDUCAÇÃO INFANTIL

O PAPEL DO PROFISSIONAL DA ED. INFANTIL

A perspectiva teórica do sociointeracionismo destaca o papel do adulto frente ao desenvolvimento infantil, cabendo-lhe proporcionar experiências diversificadas e enriquecedoras, a fim de que as crianças possam fortalecer sua auto-estima e desenvolver suas capacidades.
A auto-estima refere-se à capacidade que o indivíduo tem de gostar de si mesmo, condição básica para se sentir confiante, amado, respeitado. Tal capacidade, porém, não se instala no indivíduo como num passe de mágica, mas faz parte de um longo processo, que tem sua origem ainda na infância. Cabe ao adulto ajudar na construção da auto-estima infantil, fornecendo à criança uma imagem positiva de si mesma, aceitando-a e apoiando-a sempre que for preciso. No entanto, algumas práticas podem ser prejudiciais ao bom andamento deste processo, como por exemplo, a colocação de apelidos pejorativos nas crianças ("manhosa", "maluco", "burro", etc.). Os/as profissionais das escolas infantis precisam manter um comportamento ético para com as crianças, não permitindo que estas sejam expostas ao ridículo ou que passem por situações constrangedoras. Alguns adultos, na tentativa de fazer com que as crianças lhes sejam obedientes, deflagram nelas sentimentos de insegurança e desamparo, fazendo-as se sentirem temerosas de perder o afeto, a proteção e a confiança dos adultos.
Outro aspecto a ser considerado diz respeito às simpatias que os adultos desenvolvem em relação a algumas crianças. Estas, por sua vez, também têm suas preferências, identificando-se mais com algumas pessoas do que com outras. No entanto, o/a profissional da educação infantil deve tratar a todas com igual distinção. Isto implica não elogiar apenas uma criança (a mais simpática, a mais cheirosa, por exemplo), em detrimento das outras, que podem se sentir rejeitadas, caso não recebam o mesmo tratamento. As atenções e os elogios devem ser dados a todas, não importando a cor da pele, a condição social, se são meninas ou meninos, se têm este ou aquele credo religioso ou ainda se pertencem a determinada família. Os adultos também devem evitar qualquer fala ou ação que possa dar margem a atitudes preconceituosas ou discriminatórias em relação a pessoas ou grupos.

           PROBLEMATIZANDO ALGUMAS PRÁTICAS NO COTIDIANO DA ESCOLA INFANTIL

Determinados aspectos que fazem parte do cotidiano da escola infantil podem influenciar de maneira importante o desenvolvimento das crianças. Muitas vezes estes aspectos, tais como a adaptação à escola, a alimentação, a troca de fraldas, os momentos de sono, entre outros, passam desapercebidos ou se constituem em práticas pouco discutidas no dia-a-dia das pessoas que lidam diretamente com a educação de crianças pequenas. No entanto, muitas dessas práticas constituem-se em pequenas violências que podem afetar negativamente o desenvolvimento infantil. Vejamos algumas delas:

·         Adaptação: ao entrar na creche ou pré-escola a criança se depara com um novo ambiente, composto de adultos e crianças com os quais ela nunca interagiu. O distanciamento da família por longas horas do dia e a inserção em um novo ambiente, com rotinas específicas, exigirão da criança uma grande capacidade de adaptação. No entanto, este aspecto não diz respeito apenas à criança, mas exige de sua família e também dos/as profissionais que atuam na escola infantil um processo de adaptação.

Compete à educadora perceber quais são as características daquela criança, seu jeito de ser e de se relacionar com o novo ambiente que agora passará a frequentar, bem como a maneira como interage com os/as colegas e com as pessoas que dela cuidam/educam. E preciso respeitar o ritmo de cada criança, bem como suas manifestações de medo e ansiedade. Os pais e as mães devem ter o direito de circular nas dependências da escola, recebendo todas as informações necessárias sobre a rotina desenvolvida naquela instituição.
Cabe à creche ou pré-escola estabelecer, se possível, um sistema gradativo de adaptação para cada criança, em que nos primeiros dias ela possa ficar apenas algumas horas e aos poucos vá se acostumando àquele novo ambiente, até que permaneça em tempo integral, se for o caso. Deve-se fazer um planejamento de ingresso na instituição, através de um calendário a ser combinado com as educadoras e a família, de forma que não haja numa mesma turma muitas crianças ao mesmo tempo (no mesmo período) em fase de adaptação. Suponhamos que numa determinada turma ingressem oito novas crianças: então pode-se fazer um planejamento para que a cada dia a professora receba apenas uma ou duas no turno da manhã, e outras duas crianças no turno da tarde. No dia seguinte pode-se receber mais duas e assim por diante. Desta forma, é possível para a professora dar uma maior atenção àquelas crianças que estão ingressando na instituição.
No período de adaptação os pais podem ficar alguns momentos na sala, até que a criança adquira um pouco de confiança naquele novo ambiente e nas pessoas que ali estão. Aos poucos não será mais necessário que a mãe ou o pai fiquem todo o tempo na sala do/a filho/a, podendo esperar na sala ao lado, por exemplo. No entanto, não se deve mentir para a criança, dizendo que ficará lá fora, se a intenção for realmente ir embora. A escola infantil não deve incentivar as "fugas" dos pais, pois a criança deve ser informada de que eles precisam sair para trabalhar, mas que voltarão mais tarde para apanhá-la. Sair sem que a criança perceba não é o comportamento mais apropriado, pois ela precisa se sentir segura em relação aos adultos, tendo confiança de que não será enganada. O que for estabelecido entre educadora e pais com relação à adaptação da criança deverá ser mantido. Por exemplo, se ficar combinado que o horário de entrada no período de adaptação daquela criança é às 9 horas e a saída às 13 horas isto precisará ser respeitado, a menos que haja alguma necessidade de mudança. Neste caso, novas combinações poderão ser feitas, mas sempre em comum acordo entre educadoras e pais.
De um modo geral, as escolas infantis têm permitido que a criança traga de casa algum objeto seu de estimação, para que ela possa se sentir segura e confiante frente a este novo ambiente. Outra estratégia interessante pode ser estar com o irmão mais velho ou com alguma outra pessoa na qual a criança confie (tia, avó, avô), pois nem sempre os pais podem estar disponíveis ou podem ser liberados do trabalho em função da adaptação da criança.
É importante salientar que as dificuldades de adaptação não se manifestam apenas através do choro, mas podem aparecer em forma de apatia, falta de apetite ou mesmo através de algumas manifestações de doença. O ambiente da creche ou pré-escola deve ser prazeroso e agradável, despertando a confiança da criança neste tipo de instituição.

·         Relacionamento entre escola e pais: os responsáveis pela criança devem ser sempre informados sobre tudo o que ocorrer com ela durante o período em que estiver na instituição, bem como a forma de trabalho e a proposta pedagógica que é ali desenvolvida. Algumas creches e pré-escolas procuram manter esse diálogo através de agendas ou cadernetas onde são anotadas as informações referentes àquele dia na instituição (se a criança comeu ou dormiu bem, se caiu ou foi mordida por algum colega, etc). Tudo o que acontece com a criança no espaço da escola infantil deve ser comunicado aos responsáveis. Estes devem ser chamados a uma maior participação, sempre que necessário. Porém é preciso estabelecer limites quanto à intervenção dos pais no espaço escolar, pois alguns deles pensam poder mandar em tudo na escola, desrespeitando muitas vezes o trabalho que é ali desenvolvido. Cabe à escola infantil conquistar a confiança e o respeito dos pais, através de um trabalho competente e bem fundamentado pedagogicamente.

·         O sono: não deve ser entendido sempre da mesma maneira para cada faixa etária, pois cada criança possui um ritmo próprio em relação às horas de sono de que necessita para seu descanso. Desta forma, quanto menor a criança, mais tempo ela dormirá. Bebês precisam de um ambiente calmo, aconchegante, para que seus momentos de sono não sejam perturbados. À medida que vai crescendo, a criança não necessitará mais de tantas horas de sono à tarde. Algumas escolas infantis, no entanto, costumam obrigar as crianças a dormirem após o almoço, não respeitando assim as necessidades individuais de cada uma delas. Chegam mesmo a usar inúmeras estratégias para que as crianças durmam. Num primeiro momento, as estratégias utilizadas para fazer as crianças dormirem, podem parecer até muito naturais, mas são na verdade uma violência ao direito delas. É preciso proporcionar atividades alternativas para aquelas crianças que não quiserem ou não conseguirem dormir. Alguns espaços poderão ser adaptados para este propósito: o canto de leitura, atividades de pintura, desenho, etc. O importante é proporcionar às crianças outras opções, além do vídeo ou da música clássica, muitas vezes usados como estratégia para fazer as crianças dormirem. Não se pode ignorar, porém, que muitas creches e pré-escolas têm sérios problemas de falta de pessoal, o que as obriga a tirar como única hora de descanso das atendentes, os momentos de sono das crianças. Cabe à escola (e às instâncias superiores, se for o caso) tentar alternativas adequadas para sanar este problema. O ideal é a contratação de mais profissionais, a fim de que se possa fazer um escalonamento, para que todos os que trabalham na instituição possam ter seus merecidos momentos de descanso, sem, no entanto, prejudicar as crianças. Mesmo durante o período de sono das crianças é indispensável a presença do adulto, no caso de alguma eventualidade (a criança passar mal, ou simplesmente acordar, ou ainda ficar assustada por algum motivo). E preciso lembrar que no horário de trabalho o profissional tem que estar realmente trabalhando (e não descansando).

·         A alimentação: assim como as horas de sono, os momentos da alimentação são, para muitas crianças e professoras, momentos de stress e tortura. Na tentativa de proporcionar à criança uma alimentação variada, rica em proteínas, etc., muitos adultos acabam obrigando a criança a comer, mesmo que ela não goste ou não esteja com vontade. Outra questão polêmica refere-se à introdução do copo ou caneca em substituição à mamadeira, pois no Brasil muitas famílias costumam prolongar em demasia o hábito da mamadeira, assim como o da chupeta ou bico. Sua retirada depende de longas negociações com a criança. Estes problemas de ordem cultural acabam provocando um processo de infantilização da criança. Qual deve ser a atitude da escola infantil frente a estas questões?
Por volta dos dois anos já é possível introduzir a caneca ou copo na hora das refeições. Caso a criança se recuse, querendo apenas a mamadeira, não se deve obrigá-la a utilizar o copo, pois o importante é que esteja alimentada. A introdução do copo nas refeições deve ser feita gradativamente, sem exigir da criança sua adesão imediata a essa nova forma de se alimentar.

·         Uso de chupetas: as teorias psicológicas têm enfatizado a importância da fase oral para o desenvolvimento infantil. Desta forma, a boca desempenha um papel fundamental, pois é através dela que o bebê conseguirá não só o alimento, mas momentos de satisfação ao sugar o seio materno. Na cultura brasileira o uso da chupeta ou bico tem sido um importante aliado, na opinião de muitas mães e professoras, no sentido de acalmar as crianças, ou ainda como uma espécie de substituto do seio materno. A utilização ou não da chupeta no espaço da escola infantil tem-se tornado uma questão difícil, pois em muitas famílias há o costume de prolongar o seu uso até idades mais avançadas. O que fazer com as crianças que nunca chuparam chupeta, mas que ao chegar na creche ou pré-escola, se sentem atraídas por tão "fascinante" objeto, utilizado pelas demais crianças? No desejo de imitar seus pares, tais crianças acabam por compartilhar com as outras a chupeta. Ora, sabemos que apesar do conforto que a chupeta pode trazer, principalmente para os adultos, que se vêem livres do choro e da solicitação infantil, este objeto representa um foco importante de transmissão de doenças, principalmente se sua higiene não é feita corretamente. É comum também presenciarmos cenas em que a criança sai engatinhando pelo chão arrastando a chupeta, que geralmente está presa à sua roupa por uma longa fita ou cordão. Os dentistas também alertam para os prejuízos que a chupeta pode causar para a dentição. Como então administrar tal situação? Deve a escola impor a retirada da chupeta? Em que momentos esta pode ser usada no espaço da escola? Quais os prejuízos pedagógicos que o uso constante da chupeta pode trazer?

O principal prejuízo que o uso da chupeta pode trazer refere-se à dificuldade que a criança terá em articular corretamente as palavras, caso esteja com a chupeta na boca. Além disso, certamente apresentará um comporta-mento mais regressivo, que a impedirá de vivenciar novas conquistas, principalmente no campo da linguagem.
Algumas combinações previamente estabelecidas com a família e com o próprio grupo de crianças talvez seja a forma mais adequada de lidar com essa questão. Crianças entre dois e três anos já conseguem entender algumas regras que podem ser introduzidas no grupo. Combina-se, por exemplo, que ao chegar na escola infantil, as crianças devem guardar a chupeta na mochila, ou que a mesma só será devolvida na hora do descanso.

·         O choro: Há uma ansiedade muito grande dos adultos em torno das manifestações de choro da criança. No entanto, seria interessante aprendermos a escutar melhor este choro, para melhor interpretá-lo, pois existem sutis diferenças entre um choro de angústia, fome, raiva, dor ou desconforto. Cabe ao adulto: não manifestar irritação diante do choro infantil, rotulando a criança de "chorona", "mimada", etc; dar colo e aconchego não deve ser considerado como um precedente para tornar a criança "manhosa"; tentar perceber o motivo do choro é fundamental para uma intervenção adequada, sanando assim a necessidade daquela criança; no caso de crianças um pouco maiores que já saibam falar, pedir a elas que digam o motivo de sua insatisfação, pois é importante fazer com que percebam a importância e eficácia de expressar suas necessidades, seus problemas e seus desejos através da fala e da argumentação.

·         Tirando as fraldas, controlando os esfíncteres: o controle das fezes e da urina talvez seja uma das primeiras cobranças externas de socialização, constituindo-se em momentos de muita ansiedade para os adultos, que, por vezes, obrigam as crianças a permanecerem longos períodos no penico até que façam suas necessidades fisiológicas. E preciso lembrar mais uma vez que não devemos estabelecer uma idade rígida para que isto se dê. Geralmente a capacidade de controlar o coco e o xixi começa por volta dos dois anos, ou mesmo antes, para algumas crianças.

Cabe à escola infantil estabelecer algumas combinações com a família para a tirada da fralda e a introdução do uso do penico, pois o ideal é que isto se dê de forma conjugada - tanto na escola quanto na família. No entanto, colocar as crianças por muito tempo no penico, ou brigar com elas, expondo-as até mesmo ao ridículo pelo fato de não terem conseguido se controlar, pode ser considerado como maus-tratos. Esta atitude de incompreensão e intolerância por parte do adulto pode trazer sérias consequências de ordem psicológica para a criança. Em alguns casos há uma inibição que se expressa não só pela recusa em ir ao banheiro, mas pode chegar ao extremo da criança desenvolver verdadeiro pânico ao ter que ir para a creche ou pré-escola, não querendo passar de novo por alguma situação constrangedora diante dos companheiros ou da professora.
Outro problema refere-se à prática de colocar todas as crianças ao mesmo tempo e à mesma hora para fazer coco ou xixi, como se todas as pessoas fizessem suas necessidades sempre no mesmo horário. Tal atitude também se constitui numa violência aos direitos da criança. Essa questão do que deve ser coletivo e do que deve ou pode ser individual precisa ser melhor debatida no contexto escolar, especialmente na escola infantil.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAMPOS, Maria Malta; ROSEMBERG, Fúlvia. Critérios para um atendimento em creches que respeite os direitos fundamentais das crianças. Brasília: MEC/SEF/COEDI, 1995.
CRAIDY,Carmem Maria. Org. Educação Infantil: pra que te quero? Porto Alegre. Ed. Artmed, 2001.                                                                                            REGO, Teresa Cristina. Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação. Petrópolis: Vozes, 1995.


O DESENVOLVIMENTO INFANTIL NA PERSPECTIVA SOCIOINTERACIONISTA: PIAGET, VYGOTSKY e WALLON

           O DESENVOLVIMENTO INFANTIL NA PERSPECTIVA SOCIOINTERACIONISTA:
PIAGET, VYGOTSKY e WALLON

Piaget, Vygotsky e Wallon tentaram mostrar que a capacidade de conhecer e aprender se constrói a partir das trocas estabelecidas entre o sujeito e o meio. As teorias sociointeracionistas concebem, portanto, o desenvolvimento infantil como um processo dinâmico, pois as crianças não são passivas, meras receptoras das informações que estão à sua volta. Através do contato com seu próprio corpo, com as coisas do seu ambiente, bem como através da interação com outras crianças e adultos, as crianças vão desenvolvendo a capacidade afetiva, a sensibilidade e a auto-estima, o raciocínio, o pensamento e a linguagem. A articulação entre os diferentes níveis de desenvolvimento (motor, afetivo e cognitivo) não se dá de forma isolada, mas sim de forma simultânea e integrada.

No entanto, é preciso ter claro que a compreensão de infância, criança e desenvolvimento tem passado por inúmeras transformações, principalmente a partir do final do século passado. O avanço de determinadas áreas do conhecimento como a medicina, a biologia e a psicologia, bem como a vasta produção das ciências sociais nas últimas décadas (sociologia, antropologia, pedagogia, etc.) produziram importantes modificações na forma de pensar e agir em relação à criança pequena.

Devemos considerar que as teorias científicas são produzidas a partir de certas condições de possibilidade (políticas, econômicas, culturais) que vão favorecer sua difusão. Tais teorias também podem sofrer alterações com o passar do tempo. O importante é não entendê-las como verdades definitivas, pois teorias que se pretendem científicas devem ser passíveis de questionamentos, sujeitas, portanto, a transformações.

Henri Wallon (1879-1962), médico francês, desenvolveu vários estudos na área da neurologia, enfatizando a plasticidade do cérebro. Wallon propôs o estudo integrado do desenvolvimento infantil, contemplando os aspectos da afetividade, da motricidade e da inteligência. Para ele, o desenvolvimento da inteligência depende das experiências oferecidas pelo meio e do grau de apropriação que o sujeito faz delas. Neste sentido, os aspectos físicos do espaço, as pessoas próximas, a linguagem, bem como os conhecimentos presentes na cultura contribuem efetivamente para formar o contexto de desenvolvimento.

Wallon assinala que o desenvolvimento se dá de forma descontínua, sendo marcado por rupturas e retrocessos. A cada estágio de desenvolvimento infantil há uma reformulação e não simplesmente uma adição ou reorganização dos estágios anteriores, ocorrendo também um tipo particular de interação entre o sujeito e o ambiente:
·         Estágio impulsivo-emocional (1a ano de vida): nesta fase predominam nas crianças as relações emocionais com o ambiente. Trata-se de uma fase de construção do sujeito, em que a atividade cognitiva se acha indiferenciada da atividade afetiva. Nesta fase vão sendo desenvolvidas as condições sensório-motoras (olhar, pegar, andar) que permitirão, ao longo do segundo ano de vida, intensificar a exploração sistemática do ambiente.
·         Estágio sensório-motor (1 a 3anos, aprox.): ocorre neste período uma intensa exploração do mundo físico, em que predominam as relações cognitivas com o meio. A criança desenvolve a inteligência prática e a capacidade de simbolizar. No final do segundo ano, a fala e a conduta representativa (função simbólica) confirmam uma nova relação com o real, que emancipará a inteligência do quadro perceptivo mais imediato. Ou seja, ao falarmos a palavra "bola", a criança reconhecerá imediatamente do que se trata, sem que precisemos mostrar o objeto a ela. Dizemos então que ela já adquiriu a capacidade de simbolizar, sem a necessidade de visualizar o objeto ou a situação a qual estamos nos referindo.
·         Personalismo (3 a 6anos, aprox.): nesta fase ocorre a construção da consciência de si, através das interações sociais, dirigindo o interesse da criança para as pessoas, predominando assim as relações afetivas. Há uma mistura afetiva e pessoal, que refaz, no plano do pensamento, a indiferenciação inicial entre inteligência e afetividade.
·         Estágio categorial (6anos): a criança dirige seu interesse para o conhecimento e a conquista do mundo exterior, em função do progresso intelectual que conseguiu conquistar até então. Desta forma, ela imprime às suas relações com o meio uma maior visibilidade do aspecto cognitivo.

Lev Semenovich Vygotsky (1896-1934), estudioso russo na área de história, literatura, filosofia e psicologia, teve uma intensa produção teórica, apesar de ter morrido ainda muito jovem. Para este autor, o funcionamento psicológico estrutura-se a partir das relações sociais estabelecidas entre o indivíduo e o mundo exterior. Tais relações ocorrem dentro de um contexto histórico e social, no qual a cultura desempenha um papel fundamental, fornecendo ao indivíduo os sistemas simbólicos de representação da realidade. Isto permite construir uma certa ordem e uma interpretação do mundo real. Desta forma, o desenvolvimento psicológico não pode ser visto como um processo abstrato, descontextualizado ou universal.

Vygotsky afirma que a relação dos indivíduos com o mundo não é direta, mas mediada por sistemas simbólicos, em que a linguagem ocupa um papel central, pois além de possibilitar o intercâmbio entre os indivíduos, é através dela que o sujeito consegue abstrair e generalizar o pensamento. Ou seja, "a linguagem simplifica e generaliza a experiência, ordenando as instâncias do mundo real, agrupando todas as ocorrências de uma mesma classe de objetos, eventos, situações, sob uma mesma categoria conceitual cujo significado é compartilhado pelos usuários dessa linguagem" (Oliveira, 1993, p. 27).

O uso da linguagem como instrumento de pensamento supõe um processo de internalização da linguagem, que ocorre de forma gradual, completando-se em fases mais avançadas da aquisição da linguagem. Para Vygotsky, primeiro a criança utiliza a fala socializada, para se comunicar. Só mais tarde é que ela passará a usá-la como instrumento de pensamento, com a função de adaptação social. Entre o discurso socializado e o discurso interior há a fala egocêntrica, que é utilizada como apoio ao planejamento de sequências a serem seguidas, auxiliando assim na solução de problemas. Esta é a principal divergência entre Piaget e Vygotsky. Em Piaget é exatamente ao contrário, isto é, a fala egocêntrica seria uma transição entre estados mentais individuais não-verbais, de um lado, e o discurso socializado e o pensamento lógico, de outro. Tanto para Piaget quanto para Vygotsky, o discurso egocêntrico é entendido como uma transição, no entanto, entre processos diferentes.

Vygotsky observa que a criança apresenta em seu processo de desenvolvimento um nível que ele chamou de real e outro potencial. O nível de desenvolvimento real refere-se a etapas já alcançadas pela criança, isto é, a coisas que ela já consegue fazer sozinha, sem a ajuda de outras pessoas. Já o nível de desenvolvimento potencial diz respeito à capacidade de desempenhar tarefas com a ajuda de outros. Há atividades que a criança não é capaz de realizar sozinha, mas poderá conseguir caso alguém lhe dê explicações, demonstrando como fazer. Essa possibilidade de alteração no desempenho de uma pessoa pela interferência da outra é fundamental em Vygotsky. Para este autor, a zona de desenvolvimento proximal ou potencial consiste na distância entre o nível de desenvolvimento real e o nível de desenvolvimento potencial. Cabe à escola fazer a criança avançar na sua compreensão do mundo a partir do desenvolvimento já consolidado, tendo como meta etapas posteriores, ainda não alcançadas. O papel do/a professor/a consiste em intervir na zona de desenvolvimento proximal ou potencial dos/as alunos/as, provocando avanços que não ocorreriam espontaneamente.

Vygotsky enfatiza a importância do brinquedo e da brincadeira do faz-de-conta  para o desenvolvimento infantil. Por exemplo, quando a criança coloca várias cadeiras uma atrás da outra dizendo tratar-se de um trem, percebe-se que ela já é capaz de simbolizar, pois as cadeiras enfileiradas representam uma realidade ausente, ajudando a criança a separar objeto de significado. Tal capacidade representa um passo importante para o desenvolvimento do pensamento, pois faz com que a criança se desvincule das situações concretas e imediatas sendo capaz de abstrair.

Para Vygotsky a imitação é uma situação muito utilizada pelas crianças, porém não deve ser entendida como mera cópia de um modelo, mas uma reconstrução individual daquilo que é observado nos outros. Desta forma, é importante salientar que crianças também aprendem com crianças, em situações informais de aprendizado, por exemplo. É comum vermos o quanto as crianças aprendem a montar e desmontar brinquedos, ou mesmo a andar de bicicleta ou de patins, a partir da observação de outros/as colegas.

Jean Piaget (1896-1980), biólogo e epistemólogo suíço, construiu sua teoria ao longo de mais de 50 anos de pesquisa. A preocupação central de Piaget era descobrir como se estruturava o conhecimento. A teoria piagetiana afirma que conhecer significa inserir o objeto do conhecimento em um determinado sistema de relações, partindo de uma ação executada sobre o referido objeto. Tal processo envolve, portanto, a capacidade de organizar, estruturar, entender e posteriormente, com a aquisição da fala, explicar pensamentos e ações. Desta forma, a inteligência vai-se aprimorando na medida em que a criança estabelece contato com o mundo, experimentando-o ativamente. Por exemplo: ao pegar um objeto, o bebê tem oportunidade de explorar e observar de forma atenta, percebendo suas propriedades (tamanho, cor, textura, cheiro, etc) e, aos poucos, vai estabelecendo relações com outros objetos. Tal experiência é fundamental para seu processo de desenvolvimento. Piaget observa que o desenvolvimento pode ser compreendido a partir dos seguintes estágios:
Estágio sensório-motor (0 a 2 anos aprox.): esta etapa é caracterizada por atividades físicas que são dirigidas a objetos e situações externas. Quando a criança adquire a marcha e a linguagem, as atividades externas desenvolvem uma dimensão interna importante, pois toda a sua experiência vai sendo representada mentalmente. A partir da aquisição da linguagem, inicia-se uma socialização efetiva da inteligência. A criança pequena tem extrema dificuldade em se colocar no ponto de vista do outro, fato que a impede de estabelecer relações de reciprocidade.

Estágio pré-operacional (por volta dos 2 aos 6, 7 anos): nesta fase a criança vai construindo a capacidade de efetuar operações lógico-matemáticas (seriação, classificação). Ela aprende, por exemplo, a colocar objetos do menor para o maior, a separá-los por tamanho, cor, forma, etc. Embora a inteligência já seja capaz de empregar símbolos e signos, ainda lhe falta a reversibilidade, ou seja, a capacidade de pensar simultaneamente o estado inicial e o estado final de alguma transformação efetuada sobre os objetos (por exemplo, a ausência de conservação da quantidade quando se passa o líquido de um copo mais largo para um outro recipiente mais estreito). Tal reversibilidade será construída nos períodos operatório concreto e formal. A criança torna-se capaz de desenvolver operações concretas de caráter infra-lógico, tais como as conservações físicas (conservação de quantidade de matéria, de peso, de volume) e a constituição do espaço (conservações de comprimento, superfície, perímetro, horizontais e verticais).
Nos estágios seguintes - operacional concreto (dos 7 aos 11 anos aprox) e operacional abstraio (12 anos em diante) - a criança adquire a capacidade de pensar abstratamente, criando teorias e concepções a respeito do mundo que a cerca.


O BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL

     O brincar na educação infantil: A construção de hábitos e valores para uma proposta de                          educação transformadora
As crianças exploram o imaginário como um elemento intrínseco a sua vida, as brincadeiras, jogos povoam este espaço enriquecendo suas vivências com os outros e o mundo que a circunda. As brincadeiras e jogos infantis têm as suas características e evolução, vão desenvolvendo-se de acordo com a fase do desenvolvimento inserida a criança e as suas vivências com o meio. Desde o período sensório-motor, que a criança ao explorar o espaço e descobri-lo ao jogar com regras no período pré-operatório já realiza brincadeiras sociais.

Palavras – chave: criança - brincadeira - mundo - conhecimento

A brincadeira povoa o universo infantil desde os tempos mais remotos da História. Através dela a criança apropria-se da sua imagem, seu espaço, seu meio sócio-cultural, realizando inter e intra-relações. Segundo o Referencial Curricular para a Educação Infantil, o Brincar é um precioso momento de construção pessoal e social, é permeado pelo eixo de trabalho Movimento, onde a criança movimenta-se construindo sua moralidade, afetividade perante as situações desafiadoras e significativas presentes no brincar e inerentes à produção social do conhecimento.
A criança é um ser complexo e único e na educação atual não deve ser vista como um homem em miniatura, nem como um indivíduo sem direitos e deveres, para tanto se faz necessário o conhecimento da importância do brincar para a construção de hábitos e valores a partir do jogo simbólico, tipos de jogos e sua contribuição para a construção de um propósito de educação transformadora na Educação Infantil para subsidiar a construção da Proposta Holística e Transformadora.
Uma proposta holística traz em si uma verdadeira visão de um ser em totalidade e um cidadão consciente e reflexivo dos seus atos para a sociedade pautada nos valores éticos, morais e afetivos na construção de um mundo melhor.
AS MANIFESTAÇÕES INFANTIS ATRAVÉS DO BRINCAR: Exteriorização da realidade e a construção de hábitos e valores a partir do jogo simbólico
As brincadeiras que povoam o universo infantil são a maneiras pela quais as crianças expressam-se no mundo. São nelas que elas representam papéis, criam personagens, exploram brinquedos enfim encontram sentido para a sua vida.
Um brinquedo é um objeto ou uma atividade lúdica, voltada única e especialmente para o lazer, e geralmente associada com crianças, também usada por vezes para descrever objetos com a mesma finalidade, voltada para adultos. Na Pedagogia, um brinquedo é qualquer objeto que a criança possa usar no ato de brincar. Alguns brinquedos permitem às crianças se divertirem enquanto ao mesmo tempo as ensinam sobre um dado assunto. Brinquedos muitas vezes ajudam no desenvolvimento da vida social da criança, especialmente aquelas usadas em jogos cooperativos.
Brinquedos são de vital importância para o desenvolvimento e a educação da criança por propiciar o desenvolvimento simbólico, estimular sua imaginação, sua capacidade de raciocínio e sua auto-estima. Desde tempos antigos, os brinquedos tiveram um importante papel na vida das crianças. Por milhares de anos crianças brincaram com brinquedos dos mais variados tipos. Bolinhas de gude foram usadas por crianças no continente africano há milhares de anos atrás. Até o final do século XIX, a maioria dos brinquedos era fabricada em casa, ou fabricada artesanalmente.
Atualmente, a grande maioria dos brinquedos são fabricados em massa, e comercializados. A partir da segunda metade do século XX, vários países criaram leis que proíbem a venda de brinquedos considerados perigosos - por exemplo, por conterem materiais tóxicos ou partes que se soltam facilmente - ou que não possuem claros avisos - por exemplo, não recomendado para menores de três anos de idade por conter materiais que podem ser engolidos pela criança. Tais leis também dão ao governo o direito de recolher do mercado todos os produtos que não atendem às especificações necessárias.
O ato de brincar em si, geralmente não exige um brinquedo, que seja um objeto tangível, pode acontecer como jogos simbólicos (faz-de-conta).
O filósofo Huizinga, em 1938, escreveu seu livro Homo Ludens, no qual argumenta que o jogo é uma categoria absolutamente primária da vida, tão essencial quando o raciocínio (Homo sapiens) e a fabricação de objetos (Homo Faber), então a denominação Homo ludens, quer dizer que o elemento lúdico está na base do surgimento e desenvolvimento da humanidade.
Huizinga define jogo como: “uma atividade voluntária exercida dentro de certos e determinados limites de espaço e tempo, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias dotadas de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de alegria e tensão de uma consciência de ser diferente de vida cotidiana”.
O jogo simbólico como seu próprio nome nos diz, remete a idéia da simbolização, ou seja, é pelo faz-de-conta que a criança imagina coisas irreais, abstratas e externas para a sua realidade, o jogo simbólico possibilita a criança desfrutar de uma presença ou permanência de alguma coisa. Do ponto de vista etimológico, faz-de-conta é sinônimo de quimera, um monstro mitológico que se dizia possuir cabeça de leão, corpo de cabra e cauda de serpente e lançar fogo pelas narinas. Na história da infância, nunca houve tanta preocupação com as crianças como acontece hoje em dia, constata-se, no entanto, que a criança não dispõe mais de tempo para vivenciar suas brincadeiras e fantasias, tão benéficas ao seu desenvolvimento mental e emocional.
Por um lado é valorizada a espontaneidade e expressão infantil, ao passo que, por outro, bloqueia-se suas manifestações naturais. Sabe-se que os pais são os primeiros agentes sociabilizadores e os educadores mais importantes para seus filhos, apesar dessa assertiva, não assumem a maior parte da responsabilidade sobre eles. Da mesma forma, acredita-se que as crianças devem viver e comportar-se dentro do que lhe é próprio, porém suas “infantilidades” são criticadas e bloqueadas pelos adultos. Defende-se a importância do brincar na construção do desenvolvimento e aprendizado infantil, mas quando ordenamos, em determinadas circunstâncias, que parem de brincar e elas resistem, não se compreende essa rebeldia e repreende-se com “a autoridade de adulto”. Incentivam-se as crianças a criar e se expressar só que da maneira que se idealiza para elas.
As crianças pequenas precisam dos adultos a fim de que possam ter seus direitos assegurados. A partir das questões que se evidenciam, está despontando, atualmente, uma pedagogia da educação infantil que respeite a criança como cidadã e a coloque no centro do processo educacional.
Um desafio se coloca para o professor de educação infantil: um novo olhar sensível e reflexivo sobre a criança, procurando compreender e aceitar os sinais que manifesta e que comunica a respeito do que é e espera do adulto.
Dos estudos de Rousseau, Froebel, Decroly, Montessori a Piaget e seus seguidores abrem-se um novo conceito para o desenvolvimento cognitivo com a construção do conhecimento. Segundo Freinet, a ótica do desenvolvimento natural e da perspectiva cultural e social se delineia e com Vygotsky, se confirma o paradigma contemporâneo da educação infantil, que destaca no pensamento e na linguagem, na interação e na mediação a tônica de uma educação infantil que de escolar, com o foco no aluno, configura-se como educacional, e passa a concentrar sua atenção na criança, competente e sujeito de direitos.
O jogo simbólico segundo Piaget indica que as crianças já possuem a função simbólica, de representar e isto é, uma forma de assimilação da nossa inteligência, pois a criança incorpora ao seu mundo objetos, pessoas ou acontecimentos significativos e os reproduz por meio de suas brincadeiras.
E se o meio interfere na construção desta criança, através do brincar, simbolizar, devemos nos preocupar com uma pedagogia voltada a educação infantil, superando o assistencialismo e confirmando a integração educação e cuidado, que envolve a criança e o adulto, que contempla a família, que viabiliza uma nova organização de tempo e espaço pedagógico, com o desenvolvimento de projetos interdisciplinares no lugar de disciplinas curriculares isoladas, vindo a garantir a construção da cultura infantil.
É preciso ampliar a rede de solidariedade de preocupações com as crianças de zero a seis anos, reavivando a imagem do professor diante do sentido da ação educativa na contemporaneidade.
Diante do contexto de desafios e descaso entre professores encontram-se os que tiram de quase nada formas criativas, amorosas, inovadoras, estimulantes, que mobilizam a curiosidade das crianças de aprender, o que as faz a cada dia retornar à escola com brilho nos olhos, cheias de perguntas, cheias de descobertas, eufóricas por compartilhar com a professora e com as outras crianças os seus novos saberes e novos desejos de saber permeados pelo simbolizar intrínseco ao brincar.

TIPOS DE JOGOS E BRINCADEIRAS - contribuição para a construção de um propósito de educação tranformadora na educação infantil

Antes de falarmos dos tipos de jogos e brincadeiras devemos pensar sobre a sua relação com a escola, segundo Nilce Helena Silva Cunha, é importante brincar porque a criança sem medo de errar, adquire conhecimento espontaneamente e com prazer.
Desenvolve-se a sociabilidade, aprende-se a conviver com o próximo, aprende-se a trabalhar em equipe, a aceitar diferenças. Ao possuir motivação intrínseca, exercitam-se as potencialidades com plenitude e os desafios tornam-se parte natural da vida e vontade em vencê-los um exercício. É por meio dos jogos e brincadeiras que o professor nutre a sua vida interior descobrindo elementos a sua volta, do mundo e com sentido a sua vida.
O que a criança realmente precisa é o reconhecimento do seu tempo livre, de espaço, recursos adequados para que seus interesses possam ser desenvolvidos, não ser livremente explorada pelos meios de comunicação de massa. Desta maneira, através do brincar, que é um direito seu, ela pode se nutrir.
Na convenção sobre os direitos da criança realizada em assembléia geral pelas Nações Unidas em 1989 garante-se em seu artigo 31, que os Estados devem reconhecer o direito da criança ao lazer de acordo com a sua faixa etária, descanso, bem como a sua livre participação na vida cultural e artística da sociedade.
No brincar, casam-se a espontaneidade e a criatividade com a progressiva aceitação das regras sociais e morais. Em outras palavras, é brincando que a criança se humaniza, aprendendo a conciliar de forma efetiva a afirmação de si mesma à criação de vínculos afetivos duradouros.
O papel do brincar na educação da criança é fundamental. A vivência instantânea provocada pelo brincar dá a chance da criança exteriorizar seus sentimentos, exercitar sua iniciativa, assumir a responsabilidade por seus atos. Através da brincadeira, a criança aprende a viver, trabalha sua auto-estima.
Cabe à escola criar condições de expressão e de comunicação para que a criança através do brincar, tenha uma visão consciente do seu mundo. Tem também o papel de auxiliar pais e mães na compreensão dos reais benefícios do brincar. A parceria entre escola e paternidade comprometidas é uma grande garantia de crescimento e desenvolvimento integral e pleno da criança.
O ser humano em suas diferentes fases de desenvolvimento está sempre construindo conhecimentos, tentando se organizar. Para cada etapa há relações com os tipos de construções realizadas e destas vivências despontam modos de atuação que se adequam melhor à vida cidadã.
O ser humano passa por diferentes etapas nesta construção, desde o chupar o polegar até elaborar pensamentos com diferentes estruturas. Construir um saber apropriar-se de um conhecimento. É no seio deste processo que a criança irá construindo com a possibilidade de transformar o objeto, de acordo com a experiência de cada um. Sem a brincadeira (lúdico) fica tedioso o processo de aprendizagem. É necessário que a construção se faça a partir do jogo, da imaginação, do conhecimento do corpo.
Brincar é vital, primordial e essencial, pois, esta é a maneira que o sujeito humano, na saúde, utiliza para se estruturar como sujeito da emoção, da razão e da relação.
Para atuar na Educação Infantil e necessário conhecer as crianças, suas características e seus direitos, conhecer a metodologia própria para atuar com mediador, bem como a legislação que possibilite a formação de um cidadão na atualidade e que respalde um verdadeiro trabalho pedagógico na Educação Infantil. É preciso enfatizar igualmente a multiplicidade de fatores que estão presentes nessas relações exigindo um olhar multidisciplinar que se expresse nas suas ações pedagógicas, que se diferenciam da escola básica, que envolve, sobretudo, além da dimensão cognitiva, as dimensões lúdica, criativa e afetiva, numa perspectiva da autonomia e da liberdade. Cabe sempre ressaltar a importância de perceber, na escola de Educação Infantil, não apenas caráter preliminar, assistencialista ou compensatório, mas sua finalidade própria de cuidar e educar, de formar a base para a construção da cidadania.
Portanto, a formulação de uma proposta pedagógica para a educação infantil pressupõe uma ampla reflexão teórica tendo como preocupação básica a própria criança e o seu processo de constituição como ser humano em diferentes contextos sociais, a sua cultura e as capacidades intelectuais, criativas, estéticas e emocionais.
O jogo, em seu sentido integral, é o mais eficiente meio estimulador das inteligências. O espaço do jogo permite que a criança (e até mesmo o adulto) realize tudo quanto deseja. Quando entretido em um jogo, o indivíduo é quem quer ser, ordena o que quer ordenar, decide sem restrições. Graças a ele, pode obter a satisfação simbólica do desejo de ser grande, do anseio em ser livre.
Socialmente, o jogo impõe o controle dos impulsos, a aceitação das regras, mas sem que se aliene a elas, posto que são as mesmas estabelecidas pelos que jogam e não impostas por qualquer estrutura alienante. Brincando com sua especialidade, a criança se envolve na fantasia e constrói um atalho entre o mundo inconsciente, onde desejaria viver, e o mundo real, onde precisa conviver. Para Huizinga (apud ANTUNES, 1998) o jogo não é uma tarefa imposta, não se liga a interesses materiais imediatos, mas absorve a criança, estabelece limites próprios de tempo e de espaço, cria a ordem e equilibra ritmo com harmonia.
 TIPOS DE JOGOS SEGUNDO PIAGET
Exercício: Constituem atividades funcionais primárias, que permitem processar esquemas durante o período sensório - motor, como puxar, atirar a ação é perceptiva ocasionada devido a uma ação e experimentação em busca de novidades e descobertas. A sua própria função é exercitar as condutas por puro prazer funcional;
Símbolo: nesta fase a criança já possuem um conhecimento sensório-motor realizado e outros fatores estão em ascensão como o conhecimento representacional, a criança começa a representar, dramatizar e desenvolve a capacidade de imaginação e criação, com o uso da linguagem.
O jogo simbólico consiste na criança poder representar alguma coisa a um significado qualquer: objeto, acontecimento por meio de um significante que só serve para essa representação: linguagem, imagem mental e gesto simbólico.
Regra: é nesta etapa que a criança exercita as regras para o convívio com o grupo, aqui se estabelecem pactos, normas inicialmente lúdicas, depois elas evoluem num primeiro estágio é puramente motor, no segundo é egocêntrico, no qual as crianças jogam para si mesmas permitindo o mesmo comportamento para todo o grupo, no terceiro estágio a sua característica é a cooperação, no qual aparece o sentido de colaboração e uma obediência a regra de acordo com o pacto, e o último estágio é o codificação das regras, em que ocorre a consciência total do grupo sobre as regras.
Quanto ao brincar este é um ato tão espontâneo e natural para a criança quanto comer dormir, andar ou falar. Basta observar um bebê nas diferentes fases de seu crescimento para confirmar tal fato: logo que descobre as próprias mãos, brincar com elas; a descoberta dos pés é outro brinquedo fascinante; diverte-se com a voz quando balbucia os primeiros sons; cospe a chupeta ou o alimento vezes seguidas; atira, incansavelmente, um objeto ao chão, desafiando a paciência de quem o apanha; levanta-se e torna a cair entretendo-se com isto; pula sem parar; corre sem se cansar.
É brincando que a criança conhece a si e ao mundo: quando mexe com as mãos e os pés, segura a chupeta ou um brinquedo, seja levando-os à boca, sacudindo ou atirando-os longe, vai descobrindo suas próprias possibilidades e conhecendo os elementos do mundo exterior através da comparação de suas características, tais como, macio, duro, leve, pesado, grande, pequeno, áspero, liso. Enquanto brinca, aprende: quando corre atrás de uma bola, empina uma pipa, rola pelo chão, pula corda, está explorando o espaço à sua volta e vivenciando a passagem do tempo.
TIPOS DE BRINCADEIRAS SEGUNDO PIAGET
Brincadeiras Solitárias: tudo deve ser explorado, pois no início brincar significa isto, a presença de outra pessoa não há interesse, brinca com diferentes coisas e pode estar em silêncio ou falar sozinha;
1. Brincadeiras em Paralelo: brinca ao lado de seus colegas, sem esforço para fazer contato, absorve-se na sua própria atividade, defendendo seus brinquedos se necessário;
2. Brincadeira com outros do Grupo: pode ser tranqüilos ou tempestuosos de acordo com o grupo a qual se insere. No primeiro momento envolvem-se em fazer o que os outros do grupo estão fazendo para tornar-se membro do mesmo. Em outro momento, o interesse principal é conversar uns com os outros, o assunto da conversa pode distanciar-se completamente da atividade, pode até ser mencionada, mas outra vez serão relacionadas com o que as vivências sociais da criança, contando até mesmo o que elas gostam ou não gostam.
3. Brincadeiras Cooperativas :
Cooperação Simples: podem constituir apenas a atividade conjunta para as crianças montarem objetos com peças de encaixe ou fazer castelos de areia. A criança toma parte de atividades compartilhadas, fazendo as mesmas coisas, divide brinquedos, espera a sua vez, trabalha com os outros. A conversa é a principalmente em torno da própria atividade.
Cooperação Complexa: neste tipo de brincadeira a criança assume diferentes papéis, esperam a vez, e toda a atividade depende mais do desempenho conjunto do grupo. A criança brinca de faz de conta, participa também de jogos com regras complexas, a conversa gira em torno dos papéis representados.
Conhecer a criança é buscar suportes teóricos - metodológicos além de suas fases de desenvolvimento, respeitar o ambiente no qual ela se insere, conhecer as suas atividades com o grupo, mediar seus conflitos em prol de um resultante humanístico torna o trabalho pedagógico intrínseco a valores para uma cultura de vida igualitária e respeitosa entre nós.
                        
OS JOGOS, BRINCADEIRAS e uma proposta holística para uma ação                                                                            transformadora na educação infantil
Perante as transformações do mundo contemporâneo e dos processos de convivência humana a qualificação do trabalho do professor juntamente com propósitos formulados de acordo com a realidade da sua turma, a faixa etária bem como seus níveis de desenvolvimento físico e social, se fazem necessários para a aquisição de saberes.
Brincar pode ser entendido como mudança de significado, como movimento, tem uma linguagem, é um projeto de ação. Brincando molda-se a subjetividade do ser humano, cunha-se a realidade estabelece-se um tempo e espaço. Brincar é criar, criar uma forma não convencional de utilizar objetos, materiais, idéias, imaginar. É inventar o próprio tempo e espaço.
O conhecimento faz parte de nossa vida seja nos meios empíricos e científicos, mas para este fazer parte de uma aprendizagem significativa precisa ser vivido, experimentado e relacionado com as suas vivências culturais. Segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil a cultura é entendida como uma forma ampla, plural, científica e social da humanidade e está em constante transformação e ressignificação.
Cada indivíduo traz em si um repertório de situações e estas devem ser exploradas durante as realizações das atividades bem como na suas elaborações do planejamento do professor.
O homem surge agora como um indivíduo, e já não como membro de uma comunidade ampliada às dimensões do universo e a cultura incorporada na metafísica, deixa de ter daqui em diante uma ligação precisa com um território, um sistema, uma tradição (TOUCHARD, 1967, p.67).
A construção do conhecimento em uma de suas bases deve ser destacada o aspecto afetivo, pois o jeito de olhar, apropriar-se do outro no processo educativo amplia as possibilidades de êxito na aprendizagem. Nas brincadeiras e jogos infantis este aspecto é de suma importância e ao vivenciar esta ludicidade as crianças terão momentos únicos de descoberta, prazer e afeto com o grupo e o professor que media o processo.
O professor que sabe integrar afeto, inteligência e imaginação, no convívio estabelece vínculos afetivos e dá-lhes a certeza de que neste mundo se pode confiar nos adultos. As crianças, além de terem as suas fases de desenvolvimento respeitadas, bem como a sua particularidade pessoal devem ser cuidadas e, além disto, precisam aprender a cuidar de si mesmas, do outro e do ambiente, interligando a razão e coração.
No momento das realizações das brincadeiras tem de ser observado, por exemplo, utilizar materiais de acordo com a faixa etária das crianças, o ambiente limpo e arejado, livre de objetos que possam ferir e machucar a criança dão o respaldo para que o professor não preocupe-se em foco com a questão do assistencialismo, mas que possa estar livre para observar, participar e mediar o momento da brincadeira realizada.
No brincar, o professor deve ter conhecimentos teóricos - metodológicos que subsidiem a sua práxis pedagógica enriquecendo este momento da rotina, tornando-o encantador e enriquecedor para as crianças. De acordo com Perrenoud, envolver os alunos em suas aprendizagens, traduz-se por suscitar o desejo de aprender, explicitar a relação com o mesmo e desenvolver a capacidade de realizar a sua auto-avaliação. O professor por sua vez, também deve realizar esta capacidade e permitir que a mudança de rumos seja sua aliada sempre que o processo educativo esteja com agravantes e indicativos de problemas.
Além de compreender a criança como sujeito integral o professor precisa conhecer e saber lidar com os limites para que a criança possa desenvolver uma consciência da necessidade de mediação, em que as ações superem as atitudes, ao mesmo tempo necessita humanizar os espaços e suas vivências infantis, assegurando há todas um dia-a-dia interessante, bonito e gostoso de viver.
Educar crianças é uma tarefa exigente, demorada e requer uma eficiente formação dos professores, pois não necessariamente o motivo deriva-se pela quantidade de tempo que os mesmos passam com a criança, mas também por alimentar uma atitude de curiosidade pelo mundo por meio do envolvimento com a própria formação cultural.
Brincar, correr, saltar, pintar, dançar etc. remete-nos a idéia da criança, e esta os executa diferentemente do adulto, com gosto pelas atividades lúdicas e com uma linguagem única e múltipla ao mesmo tempo para compreender e expressar-se no mundo.
Sendo assim contribuir para as suas aprendizagens é um trabalho que começa pelo tempo de conhecer a criança, segue por alimentar uma atitude de curiosidade pelo mundo em busca de uma formação ampla. Tudo compartilhado com competência profissional, de arte, de sabedoria, de delicadeza e de uma profunda vontade de ousar, de se surpreender e de se ver como um professor – educador que aposta nas crianças.
Objetivos do professor investidor:
• Observar as crianças nos seus diversos espaços e explorações para auxiliá-las na superação das dificuldades;                     
 • Organizar diariamente o espaço para recebê-las, compartilhando o registro da rotina para que possam estruturar-se no tempo e espaço;                                                                                                                  • Favorecer atividades para a construção do conhecimento nas diversas áreas;                             
 • Proporcionar atividades lúdicas, psicomotoras a fim de desencadear esquemas de equilibração sobre o trabalho interdisciplinar;                                                                                                                                                                 
• Estabelecer um clima de confiança para que as crianças se sintam seguras e construam uma auto - imagem positiva;                                                                                                                                                                   
• Mediar situações de conflito para um desenvolvimento cooperativo;                                                 
• Viabilizar que as brincadeiras e jogos infantis tenham espaço priorizado durante as aulas, bem como materiais adequados ao nível das crianças.

O pensamento infantil é regido por uma lógica diferente da do adulto, as crianças pensam de maneira sincrética, exprimindo as cores dos afetos, da imaginação, das lembranças e de tantas relações que são capazes de fazer. As brincadeiras são particulares das crianças, elas passam os dias brincando e, ao, brincar transformam e inventam coisas, vivem com intenso prazer o momento de conhecer.                                  A medida do desenvolvimento de suas fases as crianças, dão sentido diversos para os objetos a brincadeira cresce, a boneca, ganha vida e insere-se como filha na brincadeira de casinha, um cabo de vassoura vira num cavalo e assim tudo se transforma em suas mãos.                                                                                                                                                 
As crianças aprendem a brincar de faz-de-conta, que é uma atividade essencial para o seu desenvolvimento, mas embora em todas as culturas os pequenos se envolvam em jogos simbólicos, ainda assim não brincam da mesma maneira, a brincadeira não é inata, nem espontânea. Elas aprendem a brincar brincando, interagindo com seus colegas, com objetos informados pela cultura no meio em que vivem.                      O mundo é o espaço infinito para as crianças e nele cabem muitos outros, são possíveis diversas viagens, de tempo, duração e lugar o que comanda é a capacidade de criar e aventurar.                       
Ao ser convidada a entrar em contato com a diversidade do mundo, as crianças podem interpretá-los por meio da sua própria linguagem, a expressão corporal, o brincar do seu universo simbólico expressado no faz-de-conta e transpor através de suas falas e ações.                                          
Esta maneira em que a criança consegue transpor as experiências vividas e exteriorizá-las é um meio de ser e estar no mundo.                                                                                                                                                                        Quando se insere em ambientes enriquecedores, instigantes e cheios de espaços para aprender a criança avança. O seu pensamento evolui e vai estruturando-se a cada nova idéia elaborada, a cada experiência, na interação com discursos diversos que as nutrem para pensamentos cada vez mais complexos.
Para que toda esta proposta de ação holística sobre o Brincar na Educação Infantil efetue-se o professor precisa de muita dedicação e amor ao seu trabalho. O caminho da sua elaboração e execução é extenso mas nunca fixa, ela deve variar conforme a realidade em que se insere.                                  
Incluir as crianças com respeito a suas necessidades, envolvendo as suas famílias como produtores de sua cultura, enfim seu meio social é uma das mais variadas formas de fazer e acontecer a prática educativa transformadora em cada espaço da Educação Infantil, promovendo mudanças positivas nas crianças.                                               
Uma proposta para ser transformadora deve pautar-se nos valores éticos, morais, afetivos para que haja um respeito mútuo entre todas as crianças desde a Educação Infantil, onde seus reflexos sejam resultantes num espaço maior, o mundo em que vivemos, onde a criança brincando e jogando compreenda inconscientemente que viver é um jogo de regras.
                                                                                              
KARINE DE OLIVEIRA LUNARDI


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a educação Infantil. Introdução vol.1. Brasília: MEC, 1998.
PIAGET, Jean. A formação do Símbolo da Criança: Imitação, Jogo e sonho, Imagem e Representação. 2ª ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1975.
SEBER. Maria da Glória. Piaget: o diálogo com a criança e o desenvolvimento do raciocínio. Col. Pensamento e Ação do Magistério. São Paulo: Scipione, 1997.
___________________. Construção da inteligência pela criança. Col. Pensamento e Ação do Magistério. São Paulo: Scipione, 2002.

VASCONCELOS. Paulo A. C. O jogo e Piaget. São Paulo: EDS, 2003

PROJETO CARNAVAL E SUA HISTÓRIA: UM PASSEIO PELOS VELHOS CARNAVAIS DO RECIFE

PROJETO CARNAVAL E SUA HISTÓRIA: UM PASSEIO PELOS VELHOS CARNAVAIS DO RECIFE.                           1. Justificativa...