sexta-feira, 18 de julho de 2014

O BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL

     O brincar na educação infantil: A construção de hábitos e valores para uma proposta de                          educação transformadora
As crianças exploram o imaginário como um elemento intrínseco a sua vida, as brincadeiras, jogos povoam este espaço enriquecendo suas vivências com os outros e o mundo que a circunda. As brincadeiras e jogos infantis têm as suas características e evolução, vão desenvolvendo-se de acordo com a fase do desenvolvimento inserida a criança e as suas vivências com o meio. Desde o período sensório-motor, que a criança ao explorar o espaço e descobri-lo ao jogar com regras no período pré-operatório já realiza brincadeiras sociais.

Palavras – chave: criança - brincadeira - mundo - conhecimento

A brincadeira povoa o universo infantil desde os tempos mais remotos da História. Através dela a criança apropria-se da sua imagem, seu espaço, seu meio sócio-cultural, realizando inter e intra-relações. Segundo o Referencial Curricular para a Educação Infantil, o Brincar é um precioso momento de construção pessoal e social, é permeado pelo eixo de trabalho Movimento, onde a criança movimenta-se construindo sua moralidade, afetividade perante as situações desafiadoras e significativas presentes no brincar e inerentes à produção social do conhecimento.
A criança é um ser complexo e único e na educação atual não deve ser vista como um homem em miniatura, nem como um indivíduo sem direitos e deveres, para tanto se faz necessário o conhecimento da importância do brincar para a construção de hábitos e valores a partir do jogo simbólico, tipos de jogos e sua contribuição para a construção de um propósito de educação transformadora na Educação Infantil para subsidiar a construção da Proposta Holística e Transformadora.
Uma proposta holística traz em si uma verdadeira visão de um ser em totalidade e um cidadão consciente e reflexivo dos seus atos para a sociedade pautada nos valores éticos, morais e afetivos na construção de um mundo melhor.
AS MANIFESTAÇÕES INFANTIS ATRAVÉS DO BRINCAR: Exteriorização da realidade e a construção de hábitos e valores a partir do jogo simbólico
As brincadeiras que povoam o universo infantil são a maneiras pela quais as crianças expressam-se no mundo. São nelas que elas representam papéis, criam personagens, exploram brinquedos enfim encontram sentido para a sua vida.
Um brinquedo é um objeto ou uma atividade lúdica, voltada única e especialmente para o lazer, e geralmente associada com crianças, também usada por vezes para descrever objetos com a mesma finalidade, voltada para adultos. Na Pedagogia, um brinquedo é qualquer objeto que a criança possa usar no ato de brincar. Alguns brinquedos permitem às crianças se divertirem enquanto ao mesmo tempo as ensinam sobre um dado assunto. Brinquedos muitas vezes ajudam no desenvolvimento da vida social da criança, especialmente aquelas usadas em jogos cooperativos.
Brinquedos são de vital importância para o desenvolvimento e a educação da criança por propiciar o desenvolvimento simbólico, estimular sua imaginação, sua capacidade de raciocínio e sua auto-estima. Desde tempos antigos, os brinquedos tiveram um importante papel na vida das crianças. Por milhares de anos crianças brincaram com brinquedos dos mais variados tipos. Bolinhas de gude foram usadas por crianças no continente africano há milhares de anos atrás. Até o final do século XIX, a maioria dos brinquedos era fabricada em casa, ou fabricada artesanalmente.
Atualmente, a grande maioria dos brinquedos são fabricados em massa, e comercializados. A partir da segunda metade do século XX, vários países criaram leis que proíbem a venda de brinquedos considerados perigosos - por exemplo, por conterem materiais tóxicos ou partes que se soltam facilmente - ou que não possuem claros avisos - por exemplo, não recomendado para menores de três anos de idade por conter materiais que podem ser engolidos pela criança. Tais leis também dão ao governo o direito de recolher do mercado todos os produtos que não atendem às especificações necessárias.
O ato de brincar em si, geralmente não exige um brinquedo, que seja um objeto tangível, pode acontecer como jogos simbólicos (faz-de-conta).
O filósofo Huizinga, em 1938, escreveu seu livro Homo Ludens, no qual argumenta que o jogo é uma categoria absolutamente primária da vida, tão essencial quando o raciocínio (Homo sapiens) e a fabricação de objetos (Homo Faber), então a denominação Homo ludens, quer dizer que o elemento lúdico está na base do surgimento e desenvolvimento da humanidade.
Huizinga define jogo como: “uma atividade voluntária exercida dentro de certos e determinados limites de espaço e tempo, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias dotadas de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de alegria e tensão de uma consciência de ser diferente de vida cotidiana”.
O jogo simbólico como seu próprio nome nos diz, remete a idéia da simbolização, ou seja, é pelo faz-de-conta que a criança imagina coisas irreais, abstratas e externas para a sua realidade, o jogo simbólico possibilita a criança desfrutar de uma presença ou permanência de alguma coisa. Do ponto de vista etimológico, faz-de-conta é sinônimo de quimera, um monstro mitológico que se dizia possuir cabeça de leão, corpo de cabra e cauda de serpente e lançar fogo pelas narinas. Na história da infância, nunca houve tanta preocupação com as crianças como acontece hoje em dia, constata-se, no entanto, que a criança não dispõe mais de tempo para vivenciar suas brincadeiras e fantasias, tão benéficas ao seu desenvolvimento mental e emocional.
Por um lado é valorizada a espontaneidade e expressão infantil, ao passo que, por outro, bloqueia-se suas manifestações naturais. Sabe-se que os pais são os primeiros agentes sociabilizadores e os educadores mais importantes para seus filhos, apesar dessa assertiva, não assumem a maior parte da responsabilidade sobre eles. Da mesma forma, acredita-se que as crianças devem viver e comportar-se dentro do que lhe é próprio, porém suas “infantilidades” são criticadas e bloqueadas pelos adultos. Defende-se a importância do brincar na construção do desenvolvimento e aprendizado infantil, mas quando ordenamos, em determinadas circunstâncias, que parem de brincar e elas resistem, não se compreende essa rebeldia e repreende-se com “a autoridade de adulto”. Incentivam-se as crianças a criar e se expressar só que da maneira que se idealiza para elas.
As crianças pequenas precisam dos adultos a fim de que possam ter seus direitos assegurados. A partir das questões que se evidenciam, está despontando, atualmente, uma pedagogia da educação infantil que respeite a criança como cidadã e a coloque no centro do processo educacional.
Um desafio se coloca para o professor de educação infantil: um novo olhar sensível e reflexivo sobre a criança, procurando compreender e aceitar os sinais que manifesta e que comunica a respeito do que é e espera do adulto.
Dos estudos de Rousseau, Froebel, Decroly, Montessori a Piaget e seus seguidores abrem-se um novo conceito para o desenvolvimento cognitivo com a construção do conhecimento. Segundo Freinet, a ótica do desenvolvimento natural e da perspectiva cultural e social se delineia e com Vygotsky, se confirma o paradigma contemporâneo da educação infantil, que destaca no pensamento e na linguagem, na interação e na mediação a tônica de uma educação infantil que de escolar, com o foco no aluno, configura-se como educacional, e passa a concentrar sua atenção na criança, competente e sujeito de direitos.
O jogo simbólico segundo Piaget indica que as crianças já possuem a função simbólica, de representar e isto é, uma forma de assimilação da nossa inteligência, pois a criança incorpora ao seu mundo objetos, pessoas ou acontecimentos significativos e os reproduz por meio de suas brincadeiras.
E se o meio interfere na construção desta criança, através do brincar, simbolizar, devemos nos preocupar com uma pedagogia voltada a educação infantil, superando o assistencialismo e confirmando a integração educação e cuidado, que envolve a criança e o adulto, que contempla a família, que viabiliza uma nova organização de tempo e espaço pedagógico, com o desenvolvimento de projetos interdisciplinares no lugar de disciplinas curriculares isoladas, vindo a garantir a construção da cultura infantil.
É preciso ampliar a rede de solidariedade de preocupações com as crianças de zero a seis anos, reavivando a imagem do professor diante do sentido da ação educativa na contemporaneidade.
Diante do contexto de desafios e descaso entre professores encontram-se os que tiram de quase nada formas criativas, amorosas, inovadoras, estimulantes, que mobilizam a curiosidade das crianças de aprender, o que as faz a cada dia retornar à escola com brilho nos olhos, cheias de perguntas, cheias de descobertas, eufóricas por compartilhar com a professora e com as outras crianças os seus novos saberes e novos desejos de saber permeados pelo simbolizar intrínseco ao brincar.

TIPOS DE JOGOS E BRINCADEIRAS - contribuição para a construção de um propósito de educação tranformadora na educação infantil

Antes de falarmos dos tipos de jogos e brincadeiras devemos pensar sobre a sua relação com a escola, segundo Nilce Helena Silva Cunha, é importante brincar porque a criança sem medo de errar, adquire conhecimento espontaneamente e com prazer.
Desenvolve-se a sociabilidade, aprende-se a conviver com o próximo, aprende-se a trabalhar em equipe, a aceitar diferenças. Ao possuir motivação intrínseca, exercitam-se as potencialidades com plenitude e os desafios tornam-se parte natural da vida e vontade em vencê-los um exercício. É por meio dos jogos e brincadeiras que o professor nutre a sua vida interior descobrindo elementos a sua volta, do mundo e com sentido a sua vida.
O que a criança realmente precisa é o reconhecimento do seu tempo livre, de espaço, recursos adequados para que seus interesses possam ser desenvolvidos, não ser livremente explorada pelos meios de comunicação de massa. Desta maneira, através do brincar, que é um direito seu, ela pode se nutrir.
Na convenção sobre os direitos da criança realizada em assembléia geral pelas Nações Unidas em 1989 garante-se em seu artigo 31, que os Estados devem reconhecer o direito da criança ao lazer de acordo com a sua faixa etária, descanso, bem como a sua livre participação na vida cultural e artística da sociedade.
No brincar, casam-se a espontaneidade e a criatividade com a progressiva aceitação das regras sociais e morais. Em outras palavras, é brincando que a criança se humaniza, aprendendo a conciliar de forma efetiva a afirmação de si mesma à criação de vínculos afetivos duradouros.
O papel do brincar na educação da criança é fundamental. A vivência instantânea provocada pelo brincar dá a chance da criança exteriorizar seus sentimentos, exercitar sua iniciativa, assumir a responsabilidade por seus atos. Através da brincadeira, a criança aprende a viver, trabalha sua auto-estima.
Cabe à escola criar condições de expressão e de comunicação para que a criança através do brincar, tenha uma visão consciente do seu mundo. Tem também o papel de auxiliar pais e mães na compreensão dos reais benefícios do brincar. A parceria entre escola e paternidade comprometidas é uma grande garantia de crescimento e desenvolvimento integral e pleno da criança.
O ser humano em suas diferentes fases de desenvolvimento está sempre construindo conhecimentos, tentando se organizar. Para cada etapa há relações com os tipos de construções realizadas e destas vivências despontam modos de atuação que se adequam melhor à vida cidadã.
O ser humano passa por diferentes etapas nesta construção, desde o chupar o polegar até elaborar pensamentos com diferentes estruturas. Construir um saber apropriar-se de um conhecimento. É no seio deste processo que a criança irá construindo com a possibilidade de transformar o objeto, de acordo com a experiência de cada um. Sem a brincadeira (lúdico) fica tedioso o processo de aprendizagem. É necessário que a construção se faça a partir do jogo, da imaginação, do conhecimento do corpo.
Brincar é vital, primordial e essencial, pois, esta é a maneira que o sujeito humano, na saúde, utiliza para se estruturar como sujeito da emoção, da razão e da relação.
Para atuar na Educação Infantil e necessário conhecer as crianças, suas características e seus direitos, conhecer a metodologia própria para atuar com mediador, bem como a legislação que possibilite a formação de um cidadão na atualidade e que respalde um verdadeiro trabalho pedagógico na Educação Infantil. É preciso enfatizar igualmente a multiplicidade de fatores que estão presentes nessas relações exigindo um olhar multidisciplinar que se expresse nas suas ações pedagógicas, que se diferenciam da escola básica, que envolve, sobretudo, além da dimensão cognitiva, as dimensões lúdica, criativa e afetiva, numa perspectiva da autonomia e da liberdade. Cabe sempre ressaltar a importância de perceber, na escola de Educação Infantil, não apenas caráter preliminar, assistencialista ou compensatório, mas sua finalidade própria de cuidar e educar, de formar a base para a construção da cidadania.
Portanto, a formulação de uma proposta pedagógica para a educação infantil pressupõe uma ampla reflexão teórica tendo como preocupação básica a própria criança e o seu processo de constituição como ser humano em diferentes contextos sociais, a sua cultura e as capacidades intelectuais, criativas, estéticas e emocionais.
O jogo, em seu sentido integral, é o mais eficiente meio estimulador das inteligências. O espaço do jogo permite que a criança (e até mesmo o adulto) realize tudo quanto deseja. Quando entretido em um jogo, o indivíduo é quem quer ser, ordena o que quer ordenar, decide sem restrições. Graças a ele, pode obter a satisfação simbólica do desejo de ser grande, do anseio em ser livre.
Socialmente, o jogo impõe o controle dos impulsos, a aceitação das regras, mas sem que se aliene a elas, posto que são as mesmas estabelecidas pelos que jogam e não impostas por qualquer estrutura alienante. Brincando com sua especialidade, a criança se envolve na fantasia e constrói um atalho entre o mundo inconsciente, onde desejaria viver, e o mundo real, onde precisa conviver. Para Huizinga (apud ANTUNES, 1998) o jogo não é uma tarefa imposta, não se liga a interesses materiais imediatos, mas absorve a criança, estabelece limites próprios de tempo e de espaço, cria a ordem e equilibra ritmo com harmonia.
 TIPOS DE JOGOS SEGUNDO PIAGET
Exercício: Constituem atividades funcionais primárias, que permitem processar esquemas durante o período sensório - motor, como puxar, atirar a ação é perceptiva ocasionada devido a uma ação e experimentação em busca de novidades e descobertas. A sua própria função é exercitar as condutas por puro prazer funcional;
Símbolo: nesta fase a criança já possuem um conhecimento sensório-motor realizado e outros fatores estão em ascensão como o conhecimento representacional, a criança começa a representar, dramatizar e desenvolve a capacidade de imaginação e criação, com o uso da linguagem.
O jogo simbólico consiste na criança poder representar alguma coisa a um significado qualquer: objeto, acontecimento por meio de um significante que só serve para essa representação: linguagem, imagem mental e gesto simbólico.
Regra: é nesta etapa que a criança exercita as regras para o convívio com o grupo, aqui se estabelecem pactos, normas inicialmente lúdicas, depois elas evoluem num primeiro estágio é puramente motor, no segundo é egocêntrico, no qual as crianças jogam para si mesmas permitindo o mesmo comportamento para todo o grupo, no terceiro estágio a sua característica é a cooperação, no qual aparece o sentido de colaboração e uma obediência a regra de acordo com o pacto, e o último estágio é o codificação das regras, em que ocorre a consciência total do grupo sobre as regras.
Quanto ao brincar este é um ato tão espontâneo e natural para a criança quanto comer dormir, andar ou falar. Basta observar um bebê nas diferentes fases de seu crescimento para confirmar tal fato: logo que descobre as próprias mãos, brincar com elas; a descoberta dos pés é outro brinquedo fascinante; diverte-se com a voz quando balbucia os primeiros sons; cospe a chupeta ou o alimento vezes seguidas; atira, incansavelmente, um objeto ao chão, desafiando a paciência de quem o apanha; levanta-se e torna a cair entretendo-se com isto; pula sem parar; corre sem se cansar.
É brincando que a criança conhece a si e ao mundo: quando mexe com as mãos e os pés, segura a chupeta ou um brinquedo, seja levando-os à boca, sacudindo ou atirando-os longe, vai descobrindo suas próprias possibilidades e conhecendo os elementos do mundo exterior através da comparação de suas características, tais como, macio, duro, leve, pesado, grande, pequeno, áspero, liso. Enquanto brinca, aprende: quando corre atrás de uma bola, empina uma pipa, rola pelo chão, pula corda, está explorando o espaço à sua volta e vivenciando a passagem do tempo.
TIPOS DE BRINCADEIRAS SEGUNDO PIAGET
Brincadeiras Solitárias: tudo deve ser explorado, pois no início brincar significa isto, a presença de outra pessoa não há interesse, brinca com diferentes coisas e pode estar em silêncio ou falar sozinha;
1. Brincadeiras em Paralelo: brinca ao lado de seus colegas, sem esforço para fazer contato, absorve-se na sua própria atividade, defendendo seus brinquedos se necessário;
2. Brincadeira com outros do Grupo: pode ser tranqüilos ou tempestuosos de acordo com o grupo a qual se insere. No primeiro momento envolvem-se em fazer o que os outros do grupo estão fazendo para tornar-se membro do mesmo. Em outro momento, o interesse principal é conversar uns com os outros, o assunto da conversa pode distanciar-se completamente da atividade, pode até ser mencionada, mas outra vez serão relacionadas com o que as vivências sociais da criança, contando até mesmo o que elas gostam ou não gostam.
3. Brincadeiras Cooperativas :
Cooperação Simples: podem constituir apenas a atividade conjunta para as crianças montarem objetos com peças de encaixe ou fazer castelos de areia. A criança toma parte de atividades compartilhadas, fazendo as mesmas coisas, divide brinquedos, espera a sua vez, trabalha com os outros. A conversa é a principalmente em torno da própria atividade.
Cooperação Complexa: neste tipo de brincadeira a criança assume diferentes papéis, esperam a vez, e toda a atividade depende mais do desempenho conjunto do grupo. A criança brinca de faz de conta, participa também de jogos com regras complexas, a conversa gira em torno dos papéis representados.
Conhecer a criança é buscar suportes teóricos - metodológicos além de suas fases de desenvolvimento, respeitar o ambiente no qual ela se insere, conhecer as suas atividades com o grupo, mediar seus conflitos em prol de um resultante humanístico torna o trabalho pedagógico intrínseco a valores para uma cultura de vida igualitária e respeitosa entre nós.
                        
OS JOGOS, BRINCADEIRAS e uma proposta holística para uma ação                                                                            transformadora na educação infantil
Perante as transformações do mundo contemporâneo e dos processos de convivência humana a qualificação do trabalho do professor juntamente com propósitos formulados de acordo com a realidade da sua turma, a faixa etária bem como seus níveis de desenvolvimento físico e social, se fazem necessários para a aquisição de saberes.
Brincar pode ser entendido como mudança de significado, como movimento, tem uma linguagem, é um projeto de ação. Brincando molda-se a subjetividade do ser humano, cunha-se a realidade estabelece-se um tempo e espaço. Brincar é criar, criar uma forma não convencional de utilizar objetos, materiais, idéias, imaginar. É inventar o próprio tempo e espaço.
O conhecimento faz parte de nossa vida seja nos meios empíricos e científicos, mas para este fazer parte de uma aprendizagem significativa precisa ser vivido, experimentado e relacionado com as suas vivências culturais. Segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil a cultura é entendida como uma forma ampla, plural, científica e social da humanidade e está em constante transformação e ressignificação.
Cada indivíduo traz em si um repertório de situações e estas devem ser exploradas durante as realizações das atividades bem como na suas elaborações do planejamento do professor.
O homem surge agora como um indivíduo, e já não como membro de uma comunidade ampliada às dimensões do universo e a cultura incorporada na metafísica, deixa de ter daqui em diante uma ligação precisa com um território, um sistema, uma tradição (TOUCHARD, 1967, p.67).
A construção do conhecimento em uma de suas bases deve ser destacada o aspecto afetivo, pois o jeito de olhar, apropriar-se do outro no processo educativo amplia as possibilidades de êxito na aprendizagem. Nas brincadeiras e jogos infantis este aspecto é de suma importância e ao vivenciar esta ludicidade as crianças terão momentos únicos de descoberta, prazer e afeto com o grupo e o professor que media o processo.
O professor que sabe integrar afeto, inteligência e imaginação, no convívio estabelece vínculos afetivos e dá-lhes a certeza de que neste mundo se pode confiar nos adultos. As crianças, além de terem as suas fases de desenvolvimento respeitadas, bem como a sua particularidade pessoal devem ser cuidadas e, além disto, precisam aprender a cuidar de si mesmas, do outro e do ambiente, interligando a razão e coração.
No momento das realizações das brincadeiras tem de ser observado, por exemplo, utilizar materiais de acordo com a faixa etária das crianças, o ambiente limpo e arejado, livre de objetos que possam ferir e machucar a criança dão o respaldo para que o professor não preocupe-se em foco com a questão do assistencialismo, mas que possa estar livre para observar, participar e mediar o momento da brincadeira realizada.
No brincar, o professor deve ter conhecimentos teóricos - metodológicos que subsidiem a sua práxis pedagógica enriquecendo este momento da rotina, tornando-o encantador e enriquecedor para as crianças. De acordo com Perrenoud, envolver os alunos em suas aprendizagens, traduz-se por suscitar o desejo de aprender, explicitar a relação com o mesmo e desenvolver a capacidade de realizar a sua auto-avaliação. O professor por sua vez, também deve realizar esta capacidade e permitir que a mudança de rumos seja sua aliada sempre que o processo educativo esteja com agravantes e indicativos de problemas.
Além de compreender a criança como sujeito integral o professor precisa conhecer e saber lidar com os limites para que a criança possa desenvolver uma consciência da necessidade de mediação, em que as ações superem as atitudes, ao mesmo tempo necessita humanizar os espaços e suas vivências infantis, assegurando há todas um dia-a-dia interessante, bonito e gostoso de viver.
Educar crianças é uma tarefa exigente, demorada e requer uma eficiente formação dos professores, pois não necessariamente o motivo deriva-se pela quantidade de tempo que os mesmos passam com a criança, mas também por alimentar uma atitude de curiosidade pelo mundo por meio do envolvimento com a própria formação cultural.
Brincar, correr, saltar, pintar, dançar etc. remete-nos a idéia da criança, e esta os executa diferentemente do adulto, com gosto pelas atividades lúdicas e com uma linguagem única e múltipla ao mesmo tempo para compreender e expressar-se no mundo.
Sendo assim contribuir para as suas aprendizagens é um trabalho que começa pelo tempo de conhecer a criança, segue por alimentar uma atitude de curiosidade pelo mundo em busca de uma formação ampla. Tudo compartilhado com competência profissional, de arte, de sabedoria, de delicadeza e de uma profunda vontade de ousar, de se surpreender e de se ver como um professor – educador que aposta nas crianças.
Objetivos do professor investidor:
• Observar as crianças nos seus diversos espaços e explorações para auxiliá-las na superação das dificuldades;                     
 • Organizar diariamente o espaço para recebê-las, compartilhando o registro da rotina para que possam estruturar-se no tempo e espaço;                                                                                                                  • Favorecer atividades para a construção do conhecimento nas diversas áreas;                             
 • Proporcionar atividades lúdicas, psicomotoras a fim de desencadear esquemas de equilibração sobre o trabalho interdisciplinar;                                                                                                                                                                 
• Estabelecer um clima de confiança para que as crianças se sintam seguras e construam uma auto - imagem positiva;                                                                                                                                                                   
• Mediar situações de conflito para um desenvolvimento cooperativo;                                                 
• Viabilizar que as brincadeiras e jogos infantis tenham espaço priorizado durante as aulas, bem como materiais adequados ao nível das crianças.

O pensamento infantil é regido por uma lógica diferente da do adulto, as crianças pensam de maneira sincrética, exprimindo as cores dos afetos, da imaginação, das lembranças e de tantas relações que são capazes de fazer. As brincadeiras são particulares das crianças, elas passam os dias brincando e, ao, brincar transformam e inventam coisas, vivem com intenso prazer o momento de conhecer.                                  A medida do desenvolvimento de suas fases as crianças, dão sentido diversos para os objetos a brincadeira cresce, a boneca, ganha vida e insere-se como filha na brincadeira de casinha, um cabo de vassoura vira num cavalo e assim tudo se transforma em suas mãos.                                                                                                                                                 
As crianças aprendem a brincar de faz-de-conta, que é uma atividade essencial para o seu desenvolvimento, mas embora em todas as culturas os pequenos se envolvam em jogos simbólicos, ainda assim não brincam da mesma maneira, a brincadeira não é inata, nem espontânea. Elas aprendem a brincar brincando, interagindo com seus colegas, com objetos informados pela cultura no meio em que vivem.                      O mundo é o espaço infinito para as crianças e nele cabem muitos outros, são possíveis diversas viagens, de tempo, duração e lugar o que comanda é a capacidade de criar e aventurar.                       
Ao ser convidada a entrar em contato com a diversidade do mundo, as crianças podem interpretá-los por meio da sua própria linguagem, a expressão corporal, o brincar do seu universo simbólico expressado no faz-de-conta e transpor através de suas falas e ações.                                          
Esta maneira em que a criança consegue transpor as experiências vividas e exteriorizá-las é um meio de ser e estar no mundo.                                                                                                                                                                        Quando se insere em ambientes enriquecedores, instigantes e cheios de espaços para aprender a criança avança. O seu pensamento evolui e vai estruturando-se a cada nova idéia elaborada, a cada experiência, na interação com discursos diversos que as nutrem para pensamentos cada vez mais complexos.
Para que toda esta proposta de ação holística sobre o Brincar na Educação Infantil efetue-se o professor precisa de muita dedicação e amor ao seu trabalho. O caminho da sua elaboração e execução é extenso mas nunca fixa, ela deve variar conforme a realidade em que se insere.                                  
Incluir as crianças com respeito a suas necessidades, envolvendo as suas famílias como produtores de sua cultura, enfim seu meio social é uma das mais variadas formas de fazer e acontecer a prática educativa transformadora em cada espaço da Educação Infantil, promovendo mudanças positivas nas crianças.                                               
Uma proposta para ser transformadora deve pautar-se nos valores éticos, morais, afetivos para que haja um respeito mútuo entre todas as crianças desde a Educação Infantil, onde seus reflexos sejam resultantes num espaço maior, o mundo em que vivemos, onde a criança brincando e jogando compreenda inconscientemente que viver é um jogo de regras.
                                                                                              
KARINE DE OLIVEIRA LUNARDI


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a educação Infantil. Introdução vol.1. Brasília: MEC, 1998.
PIAGET, Jean. A formação do Símbolo da Criança: Imitação, Jogo e sonho, Imagem e Representação. 2ª ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1975.
SEBER. Maria da Glória. Piaget: o diálogo com a criança e o desenvolvimento do raciocínio. Col. Pensamento e Ação do Magistério. São Paulo: Scipione, 1997.
___________________. Construção da inteligência pela criança. Col. Pensamento e Ação do Magistério. São Paulo: Scipione, 2002.

VASCONCELOS. Paulo A. C. O jogo e Piaget. São Paulo: EDS, 2003

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu comentário é muito importante para melhoria do meu blog.

PROJETO CARNAVAL E SUA HISTÓRIA: UM PASSEIO PELOS VELHOS CARNAVAIS DO RECIFE

PROJETO CARNAVAL E SUA HISTÓRIA: UM PASSEIO PELOS VELHOS CARNAVAIS DO RECIFE.                           1. Justificativa...